Foto: Instituto Butantan |
Pesquisadores do Instituto Butantan, de São Paulo,
descobriram que a espécie de sapo Rhaebo
guttatus,
endêmica da Amazônia, pode ser o primeiro anfíbio que apresenta táticas de
autodefesa ao esguichar veneno nos predadores para causar neles infecções
graves.
Esta diferença foi notada por especialistas de diversas
universidades, entre elas a de São Paulo e a Estadual de Campinas, durante
incursões na floresta amazônica. Eles perceberam que este anfíbio faz
movimentações corporais que comprimem glândulas nas costas e liberam jatos de
venenos que podem atingir até dois metros de distância.
De acordo com Carlos Jared, diretor do laboratório de Biologia
Celular do instituto, o alvo principal do veneno são os olhos ou a boca, já que
seu conteúdo só interage com a mucosa — que leva as toxinas para a corrente
sanguínea.
“É uma coisa
fora dos padrões dos anuros [ordem dos animais a qual pertence os anfíbios]. As
outras espécies de sapos só liberam veneno quando são ‘mastigados’ por presas.
E já o Rhaebo guttatus encontrado na Amazônia o esguicha com precisão”, disse Jared.
Entretanto, seu grau de letalidade é 30% menor ao dos venenos de
outros exemplares – que podem até causar a morte dos predadores. “A intenção
deste sapo é dar um ‘chega pra lá’ nas presas. No ser humano não sabemos qual é
o efeito, já que nunca houve casos de contaminação”, explica.
O pesquisador
afirma que esse fato explicaria o folclore de que as pessoas tinham que tomar
cuidado com os sapos, porque eles soltariam jatos nos olhos.
“Isto pode ter vindo da época do descobrimento da região
amazônica, há séculos. Mas isso só faz sentido se for na área de floresta, já
que esta espécie perde as propriedades de ataque se for mantida em cativeiro”,
explica.
Jared afirma
que essa característica foi descrita por brasileiros na publicação científica
“Amphibia-Reptilia”, 200 anos depois da espécie ter sido descoberta.
Ele afirma
que o veneno da espécie é composto por substâncias como esteróides e lipídeos,
bem diferente das toxinas encontradas em outros anfíbios. Além disso, o líquido
liberado pelo Rhaebo guttatus pode auxiliar cientistas no combate a fungos.
“Ele tem uma propriedade ativa de fungicida por andar no chão da
floresta. A médio prazo, pretendemos desenvolver uma fórmula de medicamento
contra esse tipo de inflamação”, diz.
Fonte: Biotabrasil. Leia mais.
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