sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

O Risco da Mistura de Energéticos com Álcool


A prática cada vez mais comum de associação de bebidas alcoólicas e energéticas é bastante perigosa para jovens e adolescentes, principalmente em períodos festivos como o Carnaval. A maior preocupação é que este tipo de associação pode levar a um estado de “embriaguez desperta”, na qual a cafeína mascara a sensação de embriaguez sem reduzir os prejuízos causados por essa intoxicação.

Palpitação forte, tontura, mal-estar, sudorese, e principalmente dor no peito e desmaio são sinais de alerta importantes após a ingestão da mistura. O cardiologista Leandro Echenique, do Hospital Albert Einstein e da Unifesp, lembra que a combinação de energéticos com bebidas alcoólicas potencializa o risco de arritmia cardíaca: “Essa mistura pode ser perigosa. O rótulo informa que algumas populações são de risco, como crianças, idosos, gestantes e portadores de algumas enfermidades. Para o coração, há risco, pelo fato de ambas as substâncias poderem causar arritmia. O coração acelera ou bate de forma irregular”.

É importante lembrar que, em relação ao homem, a mulher tem um terço da capacidade de absorver o álcool. Por isso, os efeitos de intoxicação são mais rápidos no sexo feminino.

Em artigo publicado em janeiro deste ano, no Journal of American Medical Association (JAMA), Dr. Howland e colegas destacaram o escopo do problema das bebidas alcoólicas e cafeinadas, sugerindo áreas de investigação que podem ajudar a resolver a questão.

"O mercado de bebidas energéticas é uma indústria multibilionária que atinge adolescentes e jovens adultos", afirmam os autores. Estima-se que, atualmente, 31% dos adolescentes e jovens e até 51% dos adultos jovens de 18 a 21 anos de idade consumam regularmente bebidas energéticas.

Um levantamento entre adolescentes, nos Estados Unidos, encontrou que 76% usam bebidas energéticas para aumentar a energia e atenção. Outra pesquisa de estudantes universitários mostrou que 67% usam bebidas energéticas devido à falta de sono, 65% utilizam para obter energia e 54% as ingerem com álcool quando há festa. Dezessete por cento dos entrevistados disseram que usam bebidas energéticas para combater a ressaca, apesar de qualquer evidência de que a prática funcione.

Dependendo da marca, as bebidas energéticas contêm estimulantes diversos, principalmente a cafeína, mas também guaranina taurina, açúcar e derivados. Das 577 bebidas cafeinadas listadas no site Energy Fiend (EUA) em 2008, pelo menos 130 continham mais do que o limite de 0,02% de cafeína permitido pela agência americana Food and Drug Administration (FDA), segundo os investigadores.

A combinação de bebidas energéticas com álcool se tornou popular quando os comerciantes alimentaram a idéia de que as bebidas energéticas neutralizam os efeitos sedativos do álcool e do prejuízo relacionado, permitindo aos indivíduos continuar a beber mais.

"Embora evidências continuam a mostrar que ingerir bebidas alcoólicas e cafeinadas é um negócio arriscado, até o momento, as consequências à saúde não são bem compreendidas", diz Dr. Howland.

No artigo, os pesquisadores citam um estudo que descobriu que freqüentadores de um bar que consumiram bebidas cafeinadas alcoólicas foram três vezes mais propensos a deixarem o bar altamente embriagados em comparação com aqueles que consumiam álcool sem cafeína. Eles também foram quatro vezes mais propensos a dizer que pretendiam pegar o volante depois de sair do bar.

Outro estudo descobriu que os estudantes que consumiram bebidas alcoólicas e cafeinadas tinham aproximadamente o dobro do risco de sofrer ou cometer agressão sexual, andar com um motorista embriagado, ter um acidente relacionados com o álcool ou necessitar de atendimento médico.

Mas, apesar dos estudos descritivos que revelam os efeitos nocivos do álcool e da associação entre bebidas alcoólicas e cafeinadas, “pouco se sabe sobre os mecanismos subjacentes a estes riscos", disse o Dr. Howland.

Ele enfatiza que não tem conhecimento de quaisquer estudos que tenham sido conduzidos para este olhar. "Existem várias hipóteses que são perfeitamente razoáveis, mas elas não foram testadas": "será que ingerir bebida alcoólica com cafeína significa que você bebe mais porque a cafeína pára a sensação de sonolência ou as conseqüências fisiológicas habituais do álcool?”

"É razoável pensar que a cafeína o mantêm mais alerta e distorce a sua percepção de quanto você está intoxicados e então você bebe mais, mas nós realmente não sabemos e devemos fazer a pesquisa para descobrir", disse o Dr. Howland.

Ele acrescentou que seu grupo de pesquisa está buscando financiamento para realizar estudos para responder a muitas destas perguntas.

Fonte: Ciave. Leia mais.

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