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Caracol-do-cone. Foto:
Reprodução/WikipédiaCommons
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Vamos admitir, as
conchas dos caracóis marinhos são verdadeiras obras de arte, possuindo
uma combinação de cores que hipnotiza qualquer pessoa, mas, quando estivermos
falando do caracol-do-cone é melhor você correr. Pegar nele? Nem pense nisso!
Essa espécie de
caracol, cujo nome científico é Connus
pannaeus possui um veneno poderosíssimo formado por centenas de compostos,
muitos deles encontrados até em venenos de cobra. Possui uma substância que é
particularmente centenas de vezes mais potente que a morfina. Pesquisas revelam
que apenas uma gota do veneno desse “dócil” animal é suficiente para matar 20
pessoas adultas.
Apesar de terrível
ele não é uma descoberta científica recente, a cerca de 25 anos os cientistas
da Universidade de Utah isolaram a molécula do veneno desse caracol e
constataram que possuía um poder analgésico nos humanos. Os estudos não pararam
por aí, esse só foi o ponta pé inicial de uma série de estudos que duraram mais
de 20 anos para conseguirem sintetizar em laboratório o mesmo composto que
atualmente é utilizado em um novo fármaco, chamado de Prialt (princípio ativo é
a ziconotida).
Umas das
grandes vantagens desse novo medicamento é seu absurdo poder analgésico,
sendo classificado como mil vezes mais potente que a morfina. O grande problema
da morfina é o seu poder de viciamento por ser uma molécula opióide, derivado
de ópio. Já a ziconotida não possui efeito viciante.
Muitas das
moléculas que compõem o seu veneno ainda não possuem estudos que provem ou
indiquem suas respectivas ações, porém, existem cerca de 6 tipos de toxinas que
são bastante estudadas e suas ações no corpo humano são completamente
elucidadas.
É importante
salientar que esse veneno pode ser retirado de todos os caracóis do gênero
Conus. O gene responsável pela fabricação do veneno parece ter sofrido uma
mutação ao longo das gerações o que proporciona ao animal produzir suas toxinas
rapidamente e com uma variedade espantosa de moléculas.
O veneno pode ser
retirado dos caracóis mortos ou com o caracol vivo. O grande problema de se
retirar sua glândula após a morte é que dentro dela possui uma infinidade de
milhares de compostos que muitas vezes não são usados pelo caracol para matar a
presa e isso dificuldade a isolação dos principais princípios ativos. Já a
retirada do veneno do caracol vivo também é complicado porque não é fácil lidar
com um animal grande, extremamente perigoso e que não libera as toxinas
facilmente.
A ação de suas
neurotoxinas nos faz pensar que suas vítimas (moluscos e peixes) não sintam
dor. Como a inserção do veneno na presa é de forma rápida, paralisando-o
eficazmente e, logo em seguida, a ação poderosa de seus analgésicos entram em
ação, a presa poderá ser engolida e se sentir nas nuvens por estar sob ação
alucinógena e analgésica. Confira no vídeo abaixo:
Fonte: Jornal Ciência
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