A Secretaria de Estado da Saúde do Paraná lançou na semana passada, em
Curitiba, protocolo pioneiro no país que direciona o atendimento, diagnóstico e
vigilância dos casos de intoxicação crônica por agrotóxico em todo o Estado. O
documento servirá de base de procedimentos para profissionais das unidades de
saúde.
“A intoxicação crônica é silenciosa e geralmente é diagnosticada
tardiamente. Queremos reverter isso, diagnosticando o problema de forma precoce
e iniciando o tratamento o mais cedo possível”, explicou o secretário estadual
da Saúde, Michele Caputo Neto.
Esta é a primeira vez que um documento completo sobre o tema é
organizado por um governo estadual. “Este protocolo será modelo para o país,
visto que não há nada parecido no Brasil e o risco de intoxicação crônica por
agrotóxico está presente em todas as regiões”, enfatizou o secretário.
Liderança
no ranking de consumo de agrotóxicos.
O Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo e o Paraná é o
terceiro do país, por conta da forte atividade agrícola. De 2007 a 2011, o
Estado registrou média de 1.300 casos de intoxicações ao ano, sendo apenas 0,8%
do tipo crônica.
Estima-se ainda que, anualmente, existam mais de 400 mil pessoas
contaminadas por agrotóxicos no país, com cerca de 4 mil mortes. Apesar disso,
o banco de dados do Ministério da Saúde registra apenas 7.676 casos e 204
mortes, segundo as informações de 2010. Esta subnotificação pode estar ligada à
dificuldade de diagnóstico.
A intoxicação pode trazer danos à saúde do paciente e acarretar sequelas
irreversíveis. Os problemas mais comuns são câncer, distúrbios de
comportamento, problemas de pele e outros relacionados ao sistema neurológico,
respiratório e digestivo.
Alerta
aos riscos
Segundo o diretor do Centro Estadual de Saúde do Trabalhador, José Lúcio
dos Santos, o próximo passo agora é incorporar o protocolo nas unidades de
saúde e hospitais inseridos nas regiões de risco. “É importante que o
profissional fique atento aos sintomas e sinais de alerta apresentados pelo
paciente. Caso a pessoa resida ou trabalhe em áreas que usem ou produzem
agrotóxicos, é preciso que se faça o nexo causal”, destacou.
Entre as atividades e condições com maior risco de intoxicação estão
trabalhadores da agricultura, indústria, comércio e transporte de agrotóxicos,
jardinagem, pecuária, silvicultura, controle de endemias, vetores e pragas
urbanas, bem como moradores do entorno de unidades produtivas e de manuseio de
agrotóxicos.
No início de 2014, a Secretaria Estadual da Saúde vai iniciar o processo
de capacitação dos profissionais da atenção primária para ampliar o alcance do
protocolo. O objetivo será apresentar as informações do documento, tirar
dúvidas dos profissionais e melhorar as condições de diagnóstico precoce deste
tipo de intoxicação.
Histórico
A elaboração do protocolo foi coordenada pela professora Heloísa Pacheco
Ferreira, referência nacional nesta área. Todo o trabalho foi realizado ao
longo de dois anos e se baseou em um amplo estudo de campo realizado pela
Secretaria Estadual da Saúde, em parceria com o Núcleo de Estudos em Saúde
Coletiva da Universidade Federal do Paraná (NESC/UFPR), Universidade Tuiuti do
Paraná (UTP) e Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), além de
profissionais do Hospital do Trabalhador, Hospital de Clínicas e secretarias
municipais de Saúde de Curitiba, Céu Azul, Cascavel, Vera Cruz do
Oeste e Anahy.
Fonte: CBN Foz. Leia mais.
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