“A Realidade Silenciosa dos Impactos dos Agrotóxicos na Saúde Humana e no Meio Ambiente”, foi o tema da palestra de abertura do Simpósio Nacional de Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos, o Expo VSPEA, que está sendo realizado no auditório do Ministério Público, no Centro Administrativo da Bahia.
O agrônomo Luiz Cláudio Meirelles, pesquisador da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), foi o primeiro palestrante do dia e fez o alerta sobre a situação atual. Ele lembrou que o Brasil é o maior consumidor de agrotóxicos do mundo, com a utilização de 1 milhão de toneladas por ano. Este mercado movimenta R$ 35 bilhões anualmente.
“Segundo relatórios da Organização Mundial de Saúde (OMS), o envenenamento por agrotóxicos provoca 200 mil mortes por ano e 99% delas ocorrem nos países em desenvolvimento”, destaca o pesquisador. Luiz Cláudio ainda afirma que os órgãos de Saúde, Meio Ambiente, Trabalho e Educação nas três esferas de poder operam com capacidade reduzida para enfrentar o problema da exposição aos agrotóxicos.
Meirelles observa que de 2007 a 2013 a área plantada no Brasil se manteve, mas houve a intensificação do uso de agrotóxicos. Ele lembrou que a liberação dos transgênicos está associada a esta elevação. “Na discussão sobre a liberação dos transgênicos eles foram apresentados para a agricultura como uma evolução. Haveria a diminuição do uso de venenos porque as plantas seriam mais resistentes. Mas as modificações genéticas feitas nas sementes foram para elas, na verdade, suportarem mais veneno”, destaca.
Luiz Cláudio Meirelles relatou que, até setembro deste ano, 521 ingredientes ativos para agrotóxicos estão autorizados no Brasil. Deste total, 70 são proibidos na Austrália, Estados Unidos, Canadá e Europa. Dos 50 agrotóxicos mais vendidos no País, 29 são proibidos em outras nações. São comercializados 1070 tipos agrotóxicos no Brasil.
“É preciso trabalhar na redução da exposição aos agrotóxicos. Há estudos que comprovam o adoecimento por câncer decorrente a essa exposição. O Instituto Nacional do Câncer (Inca) já alertou sobre isso”, declara Meirelles.
Segundo o pesquisador da Fiocruz, existem muitos casos de intoxicação não notificados, principalmente crônicos. “A Vigilância em Saúde tem um papel fundamental para melhorar isso”, pontua.
Luiz Cláudio apontou problemas que precisam ser combatidos. “Os agrotóxicos não pagam impostos, o monitoramento da exposição e contaminação são precários, não há laboratórios para enviar amostras de trabalhadores contaminados, o incentivo à agroecologia ainda é pequeno e há a prevalência do interesse econômico”, enumera.
Após a palestra de Luiz Cláudio Meirelles, a coordenadora geral de Vigilância em Saúde Ambiental do Ministério da Saúde, Thais Cavendish, falou sobre “A Implementação da Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos (VSPEA)”.
Na sequência das palestras, começaram as apresentações, que seguem até quarta (07), das experiências de sucesso desenvolvidas no País no segmento de VSPEA. Dos 20 trabalhos selecionados para apresentação, cinco são de técnicos da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab). O simpósio é promovido pela Diretoria Vigilância Sanitária e Saúde Ambiental (Divisa) da Superintendência de Vigilância e Proteção da Saúde (Suvisa), órgão da Sesab.
Fonte: Suvisa
O CIATox-BA, denominado de Centro de Informações Antiveneno - CIAVE até novembro de 2019, atua na orientação, diagnóstico, terapêutica e assistência presencial de pacientes intoxicados, além de realizar atendimentos às pessoas com risco para tentativas de suicídio,análises toxicológicas de urgência, identificação de animais peçonhentos e plantas venenosas, manutenção e distribuição de antídotos e de soros antipeçonhentos para todo o estado. Contato: (71) 3103-4343.
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