As multinacionais Shell e
Basf aceitaram a proposta de acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT)
e os ex-funcionários de uma
fábrica de pesticidas que funcionou na cidade de Paulínia (SP) e causou
contaminação ambiental. Nesta
segunda-feira (11/03) as empresas protocolaram no Tribunal Superior do Trabalho
(TST) a documentação, fechando o acordo, num dos maiores processos trabalhistas
do Brasil.
O acordo prevê pagamentos
por dano moral coletivo de R$ 200 milhões. Além disto, estão garantidos
atendimento médico vitalício e indenizações por danos morais e materiais
individuais para os trabalhadores, que foram expostos à contaminação química.
Pelo acordo, o valor pago
por dano moral coletivo terá uma parte (R$ 50 milhões) destinada para a
construção de uma maternidade em Paulínia e a outra (R$ 150 milhões doados em
cinco parcelas anuais de R$ 30 milhões) para o Centro de Referência à Saúde do
Trabalhador (CEREST) em Campinas (SP) e à Fundação Jorge Duprat Figueiredo de
Segurança e Medicina do Trabalho (Fundacentro) .
O pagamento por danos
morais e materiais individuais será de 70% do valor da sentença da Justiça do
Trabalho de Campinas-SP (R$ 20 mil por ano trabalhado ou fração superior ou
igual a seis meses) com correção monetária e juros em parcela única. O mesmo
percentual e atualização do valor foi fixado também para a indenização
pela omissão na assistência médica no curso do processo. O valor total desses
pagamentos pode chegar a aproximadamente a R$ 420 milhões para 1.068
trabalhadores.
Os 76 trabalhadores que
ajuizaram ações individuais pleiteando assistência médica integral terão prazo
de 30 dias para decidir se aceitam fazer parte do acordo. Porém, para ser
beneficiário terão que desistir do processo individual.
Paralelamente a esta ação,
mais de 200 ex-moradores que viviam na região da fábrica em Paulínia também
buscam indenizações por danos morais e materiais e apoio a atendimento médico.
HISTÓRICO
Em 1977, a Shell instalou
no bairro Recanto dos Pássaros, no município de Paulínia, a 126 km de São
Paulo, uma fábrica de pesticidas. Esta foi comprada posteriormente pela Basf
que continuou a produção até até 2002, quando foi desativada em decorrência da
constatação de contaminação do solo e lençol freático.
As análises realizadas
demonstraram a presença de metais pesados e substâncias organocloradas na
região, inclusive na água de poços artesianos que os moradores usavam para
beber e se alimentar.
Segundo o Sindicato dos
Químicos e a Associação dos Trabalhadores Expostos a Substâncias Químicas
(Atesq), entre 2002 e 2012 morreram 61 ex-trabalhadores com doenças compatíveis
às consequências por exposição a agrotóxicos. As empresas, por sua vez, afirmam
que não há evidências de que as doenças foram causadas pelo contato com as
substâncias.
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