Foto: Arcanjo/Corpo de Bombeiros de SC / Divulgação |
Na tarde da última quarta-feira (25/09), dois bombeiros voluntários
que combatiam o incêndio no depósito de fertilizantes que já dura mais de 40
horas em São Francisco do Sul, litoral norte de Santa Catarina, foram
internados após sofrerem intoxicação durante a operação. O incêndio teve início
no final
da noite de terça-feira (24/09).
Um deles deu entrada no Hospital e Maternidade Nossa
Senhora das Graças, sendo liberado ainda ontem. O outro foi transferido
para o Hospital Regional Hans Dieter Schmidt, de Joinville. Segundo a assessoria
de imprensa do hospital, o homem de 59 anos chegou às 4 horas da quinta-feira,
sendo internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) com intoxicação grave.
A fumaça contém nitrato de amônia, difosfato de amônia e
cloreto de potássio. A
exposição prolongada a ela, além de irritação, náusea, vômito e insuficiência
respiratória, pode levar à morte.
A população não
diretamente presente no centro do incêndio tem poucos motivos para se
preocupar, conforme avaliação de especialistas. As pessoas que inalarem a
fumaça podem apresentar irritações nos olhos, pele e garganta. A reação é
imediata e dura em média duas horas, se inalada em pouca quantidade. A inalação
direta, no entanto, pode levar a intoxicação mais grave.
"Desde o início
dissemos que essa fumaça era tóxica, e que havia risco para a população. Não
era para causar pânico na cidade, mas a população tinha de ser alertada que não
podia respirar (a fumaça) e não
podia ficar nas proximidades", afirma a supervisora do Centro de
Informações Toxicológicas, Marlene Zannin. "A Defesa Civil
desvirtuou, mas o Centro sempre disse que era tóxica", garantiu
a toxicologista, mencionando a afirmação do governo de que a fumaça não
era tóxica – mais tarde retificada.
O nitrato de
amônio é uma substância irritante para os olhos e vias respiratórias, de acordo
com o Centro de Informações Toxicológicas de Santa Catarina.
O difosfato de amônia também é irritante para pele e mucosas , e pode
causar, além de irritação, náuseas e vômitos. Há poucas informações sobre
os efeitos do cloreto de potássio, porém o elemento não deve representar
graves riscos à população.
"Eu não
creio que as pessoas afetadas terão riscos a longo prazo, apenas questões
respiratórias imediatas. As pessoas não devem entrar em pânico. Basta sair do
local, tomar ar puro, beber bastante líquido", disse Ednilza Dias,
membro da Associação Nacional de Biossegurança (ANBio). "Essas
substâncias são irritantes, e quando se expõe por mais tempo (a elas) pode
haver asfixia. Mas não se espera que haja alguma doença em função dessa
exposição. As pessoas podem ficar tranquilas", advertiu a toxicologista.
Os sinais e sintomas
relatados pela população, segundo as autoridades são considerados
leves: irritação ocular, náuseas e vômitos,
principalmente. O Centro de Informações Toxicológicas de Santa
Catarina acredita que a população afetada pela fumaça tóxica não vá desenvolver
casos mais graves. É recomendado à população que procure, em primeiro lugar, se
afastar de áreas onde há a fumaça. Em caso de exposição, é preciso lavar a pele
com água corrente para evitar a contaminação cutânea e lavar os olhos
com soro fisiológico, se houver sinais de irritação.
De acordo com a assessoria
do Corpo de Bombeiros, a direção do vento facilita o trabalho das equipes. O
produto a base de nitrato de amônia que ainda não sofreu a reação química
que gera a fumaça tem sido retirado, entretanto, o fato dele estar armazenado a granel tem dificultado a sua remoção, havendo
ainda risco de explosão.
As paredes e o
teto do depósito foram derrubados para facilitar o acesso aos focos de
incêndio. Segundo os bombeiros, a
substância queima de fora para dentro e não produz chamas, apenas fumaça.
A fumaça obrigou a
evacuação de bairros nas proximidades e famílias foram alojadas em abrigos ou
em casas de parentes. Ao todo, militares e voluntários de nove cidades
trabalham no combate ao incêndio. O acidente fez com que milhares de
pessoas deixassem a cidade.
A Defesa Civil do
Estado, que chegou a divulgar que a fumaça não seria tóxica e sim, oxidante,
voltou atrás e considerou que a população deveria evitar a inalação da
substância. A prefeitura decretou situação de emergência e aulas foram
suspensas.
A Marinha distribuiu
máscaras para a população ainda durante a madrugada de quarta-feira, de forma
preventiva, e o comando do 62º Batalhão de Infantaria da cidade de Joinville
organizou uma equipe para atuar em São Francisco do Sul e prestar auxílio
ao Corpo de Bombeiros.
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