Um ato de solidariedade dará início às atividades em
comemoração aos 33 anos de funcionamento do Centro Antiveneno da Bahia (Ciave):
amanhã, dia 27, às 9 horas, servidores da unidade irão à Fundação de
Hematologia e Hemoterapia da Bahia (Hemoba) para doar sangue. Na próxima
sexta-feira, dia 30, data do aniversário de fundação do Ciave, a programação
terá continuidade com o seminário "Ciave: 33 anos a serviço da vida",
abertura da exposição "Ciave: 33 anos de história" e inauguração das
novas instalações do Jardim de Plantas Venenosas e do Núcleo de Estudos e
Prevenção do Suicídio.
Criado em agosto de 1980, pela Secretaria da
Saúde do Estado, o Ciave foi o segundo serviço de Toxicologia do país a entrar
em funcionamento. O Centro é responsável pelo fornecimento de informações
toxicológicas para a Bahia e outros estados do Nordeste; diagnóstico e
terapêutica de pacientes intoxicados; realização de análises toxicológicas de
urgência; identificação de animais peçonhentos e plantas venenosas; controle e
manutenção de banco de antídotos.
O Centro também desempenha importante papel na
formação de recursos humanos e, desde a sua fundação, promove cursos anuais de
Toxicologia básica, voltados para profissionais e estudantes. No ano passado, o
Ciave atendeu mais de 7.000 ocorrências toxicológicas, sendo 825 de pacientes
que deram entrada na emergência do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS),
unidade de referência para casos de intoxicação. Esse ano, até agora, foram
4.700 atendimentos.
Em 1991, o Ciave implantou um serviço de
Psicologia, pioneiro no acompanhamento a pacientes que haviam tentado o
suicídio. Em 2007, o serviço foi ampliado, com a criação do Núcleo de Estudos e
Prevenção do Suicídio (NEPS), que além do acompanhamento psicológico,
disponibiliza atendimento psiquiátrico ambulatorial, terapia ocupacional e
reuniões informativas para familiares dos pacientes. Esse ano, marcando os 33
anos do Ciave, o NEPS terá sua área ampliada, passando de duas para três salas
de atendimento e ganhando uma sala de espera mais ampla, garantindo mais
conforto para os usuários e melhores condições de atendimento.
Segundo
a psicóloga Soraya Rigo, idealizadora e coordenadora do NEPS, as tentativas de
suicídio representam em torno de 30% dos casos atendidos no Ciave, o que levou
à criação do núcleo, garantindo acompanhamento psicológico aos pacientes
durante a internação hospitalar, desde a emergência
até depois da alta, através do tratamento ambulatorial pelo tempo necessário.
Ainda de acordo com a psicóloga, ao longo dos
anos se verificou uma taxa de reincidência de tentativa de suicídio muito baixa
(menor que 2%) entre os pacientes que se submeteram ao tratamento, mostrando a
necessidade e a importância do serviço, que também atende, preventivamente,
pacientes com depressão grave e risco de suicídio.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) considera o
suicídio um grave problema de saúde pública, correspondendo a mais da metade
das mortes violentas no planeta. Estudos desenvolvidos pela OMS revelaram que
os gastos com o suicídio representaram, em 2011, aproximadamente 1,8% do que
foi gasto com as doenças no mundo. Para 2020, a projeção é para um crescimento
significativo, atingindo 2,4% dos gastos.
Um novo jardim
Fundamental para identificar as espécies de
plantas que causam envenenamento ou algum tipo de intoxicação e garantir o
tratamento adequado às vítimas, o Jardim de Plantas Venenosas do Ciave passa a
ocupar um espaço mais amplo e ganha novas plantas, passando de 10 para 19
espécies. Através de uma parceria com a Sucab (Superintendência de Construções
Administrativas da Bahia), foi realizada uma pesquisa, que identificou as
espécies de plantas que podem causar envenenamento que são mais comuns no
Nordeste e em ambientes domésticos, entre elas a espirradeira (Nerium oleander),
coroa-de-cristo (Euphorbia
milii), zabumba ou saia-branca (Datura
suaveolens), pinhão-roxo (Jatropha
curcas), mandioca-brava (Manihot
utilissima), chapéu-de-Napoleão (Thevetia
peruviana), mamona (Ricinus
communis), cocó ou taioba-brava (Colocasia
antiquorum), comigo-ninguém-pode (Dieffenbachia picta) e graveto-do-cão (Euphorbia tirucalli).
Embora menos frequente se comparado à incidência
de acidentes por animais peçonhentos, por exemplo, o envenenamento por plantas
tóxicas pode levar à morte, caso não haja socorro em tempo hábil e não seja
feito o procedimento adequado. Inaugurado há 13 anos, na entrada do Ciave, o
Jardim de Plantas Venenosas passa a ocupar uma área maior, com mais
visibilidade, e busca esclarecer a população sobre o perigo do envenenamento
por plantas, que podem enfeitar jardins e até servir de proteção para casas,
como a coroa-de-cristo, que, apesar dos espinhos, ostenta uma delicada
florzinha vermelha, cujo látex , quando ingerido, pode causar dor, edema,
bolhas, vômitos e diarréia.
33 anos
de história
A programação de aniversário do Ciave, na próxima
sexta-feira, será iniciada às 14 horas, no auditório do Hospital Geral Roberto
Santos (HGRS), com o seminário "Ciave: 33 anos a serviço da vida". Na
oportunidade, o diretor do serviço, Daniel Rebouças, fará uma retrospectiva dos
33 anos de funcionamento do Centro. Em seguida, o farmacêutico Jucelino Nery
proferirá palestra sobre ações intersetoriais, a médica veterinária Maria das
Graças Rodrigues falará sobre a produção científica e a psicóloga Soraya Rigo
apresentará experiências bem sucedidas do Núcleo de Estudos e Prevenção do
Suicídio (NEPS).
Às 16 horas, no Ciave, será inaugurada a
exposição "Ciave: 33 anos de história", e inauguradas as novas
instalações do Jardim de Plantas Venenosas e do NEPS.
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