Foto: Anvisa |
A constatação
da amplitude da população à qual o risco é imposto - trabalhadores das fábricas
de agrotóxicos, da agricultura, da saúde pública e outros setores; população do
entorno das fábricas e das áreas agrícolas; além dos consumidores de alimentos
contaminados – além dos diversos estudos que
têm comprovado os graves e diversificados danos à saúde provocados por estes
produtos, tem preocupado muito os profissionais da
saúde.
A
Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) publicou esse ano um dossiê que reúne os resultados de diversas pesquisas feitas em várias regiões do
Brasil avaliando os efeitos dos agrotóxicos sobre o meio-ambiente e a saúde das
pessoas.
As
informações publicadas no dossiê (Parte 1 e Parte 2) foram reunidas pelo biólogo Fernando Carneiro,
professor de saúde coletiva da Universidade de Brasília (UnB) e membro da
Abrasco. Segundo ele, “em torno de 30% dos alimentos que o brasileiro consome
não estão adequados para consumo humano em relação à questão dos agrotóxicos.
Amostras são insatisfatórias ou porque têm agrotóxico não autorizado ou porque
têm resíduo em quantidade inadequada”.
De
acordo com o dossiê, alguns agrotóxicos vendidos no Brasil já estão proibidos
em outros países porque são suspeitos de causar danos neurológicos, mutação de
genes e câncer: abamectina, acefato, carbofurano, cihexatina, endossulfam,
forato, fosmete, lactofem, paraquate, parationa metílica e tiram.
Os sistemas de informações no país
ainda não retratam a real situação das intoxicações agudas e crônicas em virtude da
acentuada subnotificação. O Sistema
de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) registrou 2.308 casos de
intoxicação por agrotóxicos de uso agrícola, com 117 óbitos. O Sistema Nacional
de Informações Tóxico-Farmacológicas (Sinitox), por sua vez, registrou 4.334
casos ocorridos no mesmo período, com 159 óbitos. Nenhum deles tem respondido
adequadamente como instrumento de vigilância deste tipo de agravo. O Ministério
da Saúde estima que, anualmente, existam mais de 400 mil pessoas contaminadas
por agrotóxicos, com cerca de 4 mil mortes por ano no Brasil.
Na Bahia, o Centro de Informações
Antiveneno (Ciave) registrou 162 casos de intoxicação por agrotóxicos de uso
agrícola em 2008. Vale ressaltar que o Centro registrou, ainda, 653 casos de
intoxicação por raticidas e grande parte destes são de origem clandestina, contendo
produtos originalmente desenvolvidos para uso na agricultura, como é o caso do
“chumbinho”, que tem, variadamente, apresentado como ingrediente ativo o aldicarb e o carbofuran, dentre
outros.
Fonte:
Ciave. Leia mais.
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