quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Comunidade científica manifesta apoio a professor acusado de apologia às drogas

O professor Elisaldo Carlini.
Foto: José Luiz Guerra - Imprensa/UNIFESP
Sociedades científicas de todo o Brasil, como a Sociedade Brasileira de Toxicologia (SBTox) e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), além de diversos professores, pesquisadores, personalidades políticas e estudantes manifestam-se em defesa do cientista e professor emérito da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), Dr. Elisaldo Carlini, de 87 anos de idade, por ser alvo de inquérito policial por organizar o 5º Simpósio Internacional Maconha - Outros Saberes”, em maio de 2017, em São Paulo, sob a alegação de fazer apologia ao uso de drogas.

O evento, que discutiu o uso terapêutico da maconha, durou quatro dias, iniciado no dia 08 de maio. Foram realizadas nove mesas de discussões, com temas relacionando a maconha à política, à história, à justiça, à filosofia e à religião.

Com 62 anos da sua vida dedicados à pesquisa e com mais de 12 mil citações de seus trabalhos em artigos científicos de todo o mundo, o professor foi chamado para depor na polícia de São Paulo, no dia 21, por ser o presidente do evento. De acordo com a promotora de Justiça, Rosemary Azevedo Porcelli da Silva, o simpósio “contém, em tese, fortes indício de apologia ao crime”.

Dentro da comunidade científica, o Prof. Carlini é reconhecido nacional e internacionalmente por suas pesquisas na área de psicofarmacologia. Sua dedicação à ciência por mais de 50 anos rendeu três centenas de artigos científicos, os quais foram citados por mais de 12 mil vezes pelos seus pares. É membro do Expert Advisory Panel on Drug Dependence and Alcohol Problems da Organização Mundial da Saúde (OMS), ex-membro do International Narcotic Control Board (INCB), eleito pelo Conselho Econômico Social das Nações Unidas e Coordenador da Câmara de Assessoramento Técnico Científico da Secretaria Nacional Antidrogas (SENAD).

O Dr. Carlini foi também Secretário Nacional de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde (SNVS-MS). Recebeu diversos prêmios e homenagens, entre as quais a Grande Oficial da Ordem de Rio Branco pela Presidência da República, a Honra ao Mérito na Área de Entorpecentes pelo Conselho Federal de Entorpecentes (CONFEN/ Ministério da Justiça) e a Grã-Cruz da Ordem do Mérito Científico na Área de Ciências Biológicas pela Presidência da República.

Tanto a SBTox quanto a SBPC emitiram manifestações públicas em defesa do pesquisador, sendo lançada ontem, 27/02, por esta última uma petição pública online, a qual já alcançou mais de 10 mil assinaturas até o momento. A SBPC conclama todos os sócios e sociedades científicas associadas, membros da comunidade científica e acadêmica e toda a sociedade a assinarem  a petição “Somos Todos Carlini”, em defesa do cientista e professor emérito da Unifesp e pela liberdade de pesquisa científica no País.



terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

O risco da carambola para portadores de lesão renal e diabéticos

Foto: Wikipedia.
A carambola, fruta saborosa e nutritiva conhecida entre os ingleses como star fruit (fruta estrela) e proveniente da caramboleira (Averrhoa carambola), pode provocar intoxicação em pessoas com problemas renais.

Na ingestão da fruta por uma pessoa sadia, uma neurotoxina nela presente e chamada de caramboxina é absorvida através da digestão, filtrada pelos rins e eliminada através da urina. Quando a ingestão é feita por alguém com insuficiência renal ou lesão renal aguda, ou ainda com diabetes, a toxina, que é um aminoácido, chega à corrente sanguínea, ligando-se a receptores do sistema nervoso central, induzindo a crises de soluços, vômito, agitação psicomotora, confusão mental, convulsões prolongadas e até a morte.

O isolamento e a caracterização da neurotoxina foram realizadas por cientistas brasileiros, pesquisadores da Faculdade de Medicina e da Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto (ambas da USP), cujo trabalho ganhou a capa da revista científica Angewandte Chemie International, em 2013. Os estudos começaram em 1998 e os primeiros resultados surgiram no início dos anos 2000.

De acordo com os autores da pesquisa, embora pessoas sem histórico de problemas renais não corram riscos com a ingestão da carambola, recomenda-se que seja evitado abuso no seu consumo. Esta recomendação baseia-se no seu teor de ácido oxálico que pode, eventualmente, produzir cálculos renais em indivíduos mais sensíveis, o que predisporia aos efeitos neurotóxicos da toxina.

Ainda  segundo os pesquisadores, a concentração da caramboxina é bastante baixa, sendo necessárias 20 quilos da fruta para obter 0,3 miligrama da toxina, a qual sofre degradação quando misturada e conservada por um longo período em água.

A intoxicação com a carambola por pessoas com problemas renais, risco ainda desconhecido por muitas pessoas, pode ser tratada com o uso de hemodiálise, de forma bastante favorável, quando o diagnóstico é feito de forma precoce.

Fonte: FapesbAngewandte Chemie International.

sábado, 24 de fevereiro de 2018

Ocorrerá em junho o Toxilatin 2018

O II Congresso Latino Americano de Toxicologia Clínica e Laboratorial (Toxilatin) acontecerá entre os dias 3 e 6 de junho deste ano, em Porto Alegre (RS), e terá como tema “A Toxicologia moderna voltada para a saúde e prevenção”.

Participarão deste Congresso importantes nomes nacionais e internacionais que discutirão sobre o uso de tecnologias para potenciais estratégias de prevenção de doenças crônicas não transmissíveis ocasionadas por agentes químicos. A nanotoxicologia será, mais uma vez, um destaque do Congresso.

O prazo de submissão dos trabalhos será 26 de março, e para isso o autor deverá estar previamente inscrito no evento. A inscrição no TOXI-LATIN 2018 permitirá a submissão de apenas um (01) trabalho científico por inscrito.

A programação conta com três cursos pré-congresso:   Aplicações da bioinformática na Toxicologia (Dr. Helder Nakaya, USP); Cultura celular 3D e organotípica (Dr. Leandra Baptista, UFRJ) e Segurança Química e Toxicologia (Me. Newton M. M. Richa, UFRJ).

O professor Dr. José Antonio Menezes, da Faculdade de Farmácia da UFBA, coordenará a palestra intitulada “Manganese and Neurotoxicity”, que será ministrada por Dr. Michael Aschner (Albert Einstein College of Medicine, Yeshiva University, USA).

Mais informações podem ser obtidas através do link http://toxilatin2018.com/.


Fonte: Toxilatin.

Brasil monitora danos causados por medicamentos

O uso de medicamentos pode causar problemas à saúde, algo que é conhecido tecnicamente como evento ou reação adversa. Embora não seja o efeito esperado em uma terapia, existe a possibilidade do produto não corresponder ao efeito desejado e frustrar as expectativas de profissionais de Saúde e pacientes quanto ao tratamento.
São casos em que o produto tem algum tipo de efeito nocivo não esperado. Podem causar reações leves, mas também há casos em que o resultado leva ao agravamento do estado de saúde da pessoa, prolongamento de períodos de internação e, em situações extremas, até ao óbito do paciente.
Quando situações como essas ocorrem, é necessária a avaliação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O órgão, responsável pela aprovação e pelo registro de medicamentos, também realiza o monitoramento dos produtos no mercado, por meio de relatos de casos e queixas registrados no Sistema de Notificação de Eventos Adversos (Notivisa)*.
“Um evento ou uma reação adversa inclui os casos previstos em bulas, como aqueles que são relativamente frequentes e esperados. São as reações mais comuns. Já as reações inesperadas e graves são incomuns e podem gerar sinais de alerta”, afirma a gerente-geral de Monitoramento de Produtos Sujeitos à Vigilância Sanitária (GGMON), Fernanda Maciel.

Monitoramento

Para a Anvisa, existem três pontos muito importantes relacionados à avaliação de medicamentos: segurança, eficácia e qualidade do produto. “O monitoramento deve ser entendido como uma ferramenta que nos permite detectar sinais de alerta sobre medicamentos que estejam sendo alvo de relatos de eventos adversos. Isso pode indicar problemas de qualidade, eficácia e até mesmo de segurança à saúde do paciente”, afirma a gerente-geral da área. Ela ressalta que, além da própria pessoa que está em tratamento e seus familiares, os profissionais de Saúde, como médicos, enfermeiros, odontólogos e farmacêuticos têm uma grande responsabilidade na observação e relato desses casos.
O Notivisa pode ser acessado no Portal da Anvisa, por qualquer pessoa, desde representantes de empresas fabricantes e cidadãos até serviços e profissionais de Saúde. Para tanto, basta preencher um cadastro e inserir as informações sobre o caso (clique aqui). No Portal da Anvisa, também é possível obter orientações sobre como notificar. O contato pode ser feito, ainda, por meio da Central de Atendimento da Anvisa. O número é o 0800-642-9782.

Avaliação diária

O Notivisa é acessado todos os dias pela área de monitoramento para a verificação e análise das notificações de eventos adversos graves, como os que envolvem óbitos, choque anafilático, convulsão e hepatite fulminante. Estas situações são avaliadas caso a caso. Também são verificados os eventos adversos não graves, tais como coceira, dor de cabeça e náuseas. “Realizamos a análise diária de informações do sistema como forma de manter permanente estado de alerta em relação aos casos que são informados”, diz Fernanda Maciel.
Dependendo do caso, a Anvisa pode desencadear uma série de ações importantes, como abrir processo de investigação, realizar inspeções nos estabelecimentos envolvidos, elaborar e divulgar alertas e informes para a sociedade em geral, além de solicitar a alteração de bulas e rótulos. Pode, também, restringir o uso ou a comercialização do medicamento e interditar lotes ou cancelar o registro do produto.
Dessa forma, as informações recebidas pelo Notivisa subsidiam o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS) na identificação de reações adversas ou efeitos não desejados, são essenciais para o aperfeiçoamento contínuo do conhecimento sobre os produtos e contribuem para a promoção de ações de proteção à Saúde Pública.

Rede de vigilância sanitária

A notificação de eventos e reações adversas é parte do trabalho realizado pela Anvisa no âmbito da farmacovigilância, que é definida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como “a ciência e atividades relativas à identificação, avaliação, compreensão e prevenção de efeitos adversos ou quaisquer problemas relacionados ao uso de medicamentos”.
Também são questões relevantes para a farmacovigilância os eventos adversos causados por inefetividade terapêutica, erros de medicação, uso de medicamentos para indicações não aprovadas no registro, uso abusivo, intoxicações e interações medicamentosas.
Além da estrutura no nível central da Anvisa, em Brasília, a vigilância sanitária está estruturada em todo o país de forma descentralizada, com unidades independentes ligadas aos governos de estados e municípios.

Referência

Atualmente, a Anvisa centraliza os dados de notificações de eventos e reações adversas para consolidação e envio à OMS, cumprindo o seu papel previsto na legislação sanitária brasileira de ser o órgão federal responsável pela coleta final, análise e envio dessas informações, funcionando como centro de referência em farmacovigilância do país.
Fonte: Anvisa

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Laudo confirma vazamento de rejeitos de mineradora em Barcarena, no PA

Coloração avermelhada das águas da chuva que se espalharam
em Barcarena provocaram temor nas comunidades do
município (Foto: Ascom/Semas)
O laudo do Instituto Evandro Chagas (IEC) divulgado nesta quinta-feira (22), em Belém, confirma contaminação em diversas áreas de Barcarena, nordeste do Pará, provocada pelo vazamento das barragens de rejeitos de bauxita da mineradora norueguesa Hydro Alunorte. Em nota, a empresa informou que "acaba de tomar conhecimento sobre o laudo e irá analisar o material para se pronunciar sobre o assunto".

Moradores de Barcarena denunciaram a suspeita de vazamento no último sábado (17). Fotos feitas no município mostram uma alteração na cor da água do rio, que seria a lama vermelha rejeitada na operação da fábrica (bauxita e soda cáustica).

O anúncio da confirmação do vazamento foi feito pelo pesquisador em saúde pública do IEC, Marcelo de Oliveira Lima, contrariando a versão divulgada pela empresa, que negou a contaminação. "Foi constatado que houve vazamento das bacias de rejeitos da bauxita. Fotografamos os efluentes invadindo a área ambiental", afirmou o pesquisador.

Ligação clandestina para eliminar resíduos

O vazamento afetou as áreas das comunidades de Bom Futuro, Vila Nova e Burajuba. "A empresa fez uma ligação clandestina para eliminar esses efluentes contaminados que estavam acumulados dentro da fábrica para fora da área industrial, contaminando o meio ambiente e chegando às comunidades", destacou Marcelo Lima.

No material coletado no dia 17 na barragem, na tubulação com ligação clandestina e no igarapé localizado na vila Bom Futuro, os índices de sódio, nitrato e alumínio estavam acima do permitido, além do PH estar no nível 10. "Ou seja, o líquido estava extremamente abrasivo e nocivo aos seres vivos", destaca o pesquisador.

Alto nível de chumbo

De acordo com o laudo do IEC, a análise das amostras também revela um nível alto de chumbo, que, com o consumo contínuo, pode gerar câncer.

"Essa contaminação é nociva às comunidades que utilizam os igarapés e rios em busca de alimento, com a pesca, e também o lazer. Além disso, há a contaminação do meio ambiente como os seres vivos e plantas", alerta o pesquisador.

Segundo a perícia, a empresa não tem capacidade de tratar os seus efluentes, e o IEC recomenda que, neste momento de chuvas fortes, seja reduzida ou suspensa a produção, porque as bacias não irão suportar o grande acúmulo de material. "Se a empresa continuar com a elevada produção, novos vazamentos ocorrerão sem dúvida alguma, principalmente neste período de chuvas intensas".

Inquéritos

Já foram instaurados dois inquéritos pelo Ministério Público do Pará para apurar as denúncias de vazamentos ocorridos em Barcarena. Um inquérito civil foi instaurado pela Promotoria de Justiça de Barcarena e está sendo elaborado a partir de informações colhidas pelos promotores de justiça Laércio Guilhermino de Abreu e Daniel Barros.

O segundo inquérito, instaurado pela promotora Eliane Moreira, da 1ª Região Agrária, apura os impactos socioambientais possivelmente provocados pelo vazamento, em especial os que podem ter afetado comunidades rurais e territórios de Barcarena onde vivem ribeirinhos e comunidades tradicionais. As atividades da Hydro Alunorte também serão alvo de investigação durante este procedimento.

Fonte: G1.

Congresso Mundial de Patologia Toxicológica será realizado em São Paulo

Acontecerá em São Paulo (SP), no período de 21 a 26 de abril, na Universidade de São Paulo (USP), o Congresso Mundial de Patologia Toxicológica (World Toxicological Pathology Congress, WTPC), com uma visão global da Patologia Toxicológica no século XXI.

O evento é uma iniciativa de professores da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo (USP), da Associação Latino Americana de Patologia Toxicológica e Experimental (LASTEP) e da Federação Internacional de Sociedades de Patologia Toxicológica (IFSTP) e busca encorajar o desenvolvimento da patologia toxicológica como especialidade na América Latina, em harmonia com as outras sociedades de Patologia Toxicológica do mundo e com os preceitos do IFSTP.

O programa inclui atividades como Pot-Pourri  de Patologia Toxicológica, 2 cursos curtos e 7 sessões, abrangendo vários tópicos relacionados à Patologia Toxicológica. Os oradores internacionais confirmados são: Susan Elmore, Wanda Haschek-Hock, Gabriele Pohlymeyer-Esch, Sibylle Groeters, Erio Barale, John Foster, Lindsay Thomlinson, Douglas Wolf, Samuel Cohen, Taki Harada, Jack Harkema, Jerrold Ward e Robert Maronpot. Palestrantes nacionais confirmados: Paulo Saldiva, Shadia Catalano, Luis Carlos de Sá Rocha e Vanessa Moura de Sá Rocha.

A submissão de trabalhos poderá ser feita até o dia 28 de fevereiro e mais informações podem ser obtidas no site do evento: http://wtpc2018.galoa.com.br/en/node/1163.

Fonte: WTPC.