segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Representantes de órgãos públicos discutem projeto de extensão para estudantes de graduação da área da saúde

Com o objetivo de discutir e elaborar um projeto de extensão a ser realizado na área de gestão da saúde, ocorreu na quinta-feira (01/12) o segundo encontro com representantes da Escola Estadual de Saúde Pública (EESP), Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Estadual da Bahia (UNEB) e Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Salvador, tomando como base para elaboração do projeto, a necessidade de articular as necessidades dos serviços de saúde e da formação de futuros profissionais para o SUS.
A proposta em questão é a construção de um projeto piloto, de caráter multidisciplinar, que permita a inserção de estudantes de diferentes graduações da saúde das universidades públicas de Salvador na rede pública de saúde, nas esferas estadual e municipal, visando a ampliação de experiências de integração ensino-serviço no âmbito da gestão em saúde.

Fonte: EESP

sexta-feira, 2 de dezembro de 2016

O tema "intoxicações" foi abordado durante o 7º Simbravisa

Com cerca de 1.000 inscritos, o 7º Simpósio Brasileiro de Vigilância Sanitária, realizado pela Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco) no período de 27 a 30 de novembro, no Hotel Bahia Othon Palace, em Salvador, teve quase 100 atividades entre conferências, discussões, mesas redondas, etc., visando o aprofundamento do diálogo entre academia, os serviços de vigilância sanitária e a sociedade.

Integrantes dos Grupos de Trabalho sobre Agrotóxicos da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) estiveram reunidos com membros dos Grupos Temáticos Saúde e Ambiente, Saúde do Trabalhador e Vigilância Sanitária da Abrasco, dentre outros, no dia 26, no auditório do Instituto de Saúde Coletiva (ISC) da UFBA, para discutir a questão do uso de agrotóxicos e os seus riscos.

Os profissionais discutiram, ainda, sobre o relatório 2013-2015 do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos (Para), divulgado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária no dia anterior, resultando na elaboração de um manifesto técnico-político.

A Sesab contou com um stand da Diretoria de Vigilância Sanitária e Ambiental (Divisa), onde o Centro de Informações Antiveneno (Ciave) realizou uma exposição com exemplares de animais peçonhentos e outros agentes tóxicos, divulgando as suas ações de toxicovigilância, bem como de diagnóstico e tratamento das intoxicações agudas, com a participação de técnicos e estagiários do Centro.

Na tenda Maria Felipa, no dia 29, O Dr. Daniel Rebouças, médico e diretor do Ciave, e a psicóloga Soraya Carvalho, coordenadora do Núcleo de Estudo e Prevenção do Suicídio (Neps) do Ciave, participaram da roda de conversa intitulada “Intoxicações  Acidentais e Intencionais”, o que despertou grande interesse e participação do público presente.

Fontes: Ciave, Sesab, Abrasco.

Manifesto do 7º Simbravisa acerca do relatório do Programa de Análise de Resíduo de Agrotóxicos em alimentos (PARA/2013-2015) divulgado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa

No dia 25 de novembro recente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Anvisa – publicou através de seu site (anvisa.gov.br) o relatório PARA 2013-2015. Trata-se do Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos que avalia os níveis de resíduos de agrotóxicos nos alimentos de origem vegetal. A forma como o relatório foi publicado e a incorporação de nova metodologia pegou de surpresa muitos pesquisadores, trabalhadores que atuam no Sistema Único de Saúde e sociedade civil, justamente dias antes do início do 7º Simpósio Brasileiro de Vigilância Sanitária (Simbravisa). Como atividade pré-simpósio, no dia 26 de novembro estiveram reunidos integrantes dos Grupos Temáticos Saúde e Ambiente, Saúde do Trabalhador e Vigilância Sanitária da Abrasco, além do Grupo de Trabalho sobre Agrotóxicos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), de Vigilâncias Sanitárias de alguns estados do país e da Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e Pela Vida. A pauta desse encontro, que era bem mais ampla que o PARA, foi tomada pela análise da divulgação do Relatório PARA 2013-2015 e este manifesto técnico-político é resultado deste encontro.

Acesse o documento em PDF

Vale registrar que o PARA existe desde 2001 e abrange todos os Estados da federação. As atividades do PARA têm por objetivos principais a promoção e proteção da saúde mediante incentivo ao consumo de alimentos de qualidade e a prevenção das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) secundárias à ingestão cotidiana de quantidades perigosas de agrotóxicos. O Programa tem fornecido inúmeras contribuições tais como: subsídios à tomada de decisão para restrição e banimento de agrotóxicos perigosos para a população; desenvolvimento de ações de controle dos agrotóxicos pelo Sistema Nacional de Vigilância Sanitária; estabelecimento de uma rede de laboratórios com capacidade para analisar resíduos de agrotóxicos; construção de ferramentas informatizadas e bancos de dados para agilizar as ações dos estados; qualificação das ações de capacitação.

Os seus resultados sempre suscitaram discussões sobre o direito à informação e atuação da União, Estados e Municípios no controle dos impactos dos agrotóxicos construindo, assim, uma teia de relacionamento e trabalho entre os serviços nas três esferas de governo, e ainda com diversos setores da sociedade. A visibilidade e o acesso aos resultados da atuação do PARA fomentou as pesquisas e aumentou o número de publicações sobre o tema no Brasil.

Mesmo com a importância que possui, o Programa teve sua última divulgação datada de 2012. Assim, a sociedade esteve sem acesso aos dados e informações sobre a qualidade dos alimentos frente ao uso crescente de agrotóxicos por aproximadamente quatro anos. Também cabe informar que neste ano, 2016, não foram realizadas coletas de amostras para realização das análises laboratoriais, o que representa quebra da série histórica do mais antigo e contínuo programa de monitoramento de impactos dos agrotóxicos no Brasil. É neste contexto de fragilização do Programa que é publicado o “Relatório PARA 2013-2015” e sobre o qual nos manifestamos abaixo.

1. A metodologia adotada de forma unilateral pela ANVISA, sem a efetiva participação das Vigilâncias Sanitárias (VISA) estaduais, da comunidade acadêmica e da sociedade civil restringe o escopo de análise técnica e leva à ocultação dos perigos à saúde da população e irregularidades ocorridas no processo de produção de alimentos;
2. O relatório final, também, não foi previamente apresentado e debatido com as VISAs estaduais e municipais;
3. O indicador de risco agudo de intoxicação utilizado pela ANVISA não se encontra amparado pela legislação sanitária brasileira, conforme citação do próprio relatório do PARA;
4. Apesar destas limitações, o relatório foi comunicado pelo site da ANVISA, e reproduzido pelos meios de comunicação de massa, induzindo a uma falsa percepção da sociedade sobre os perigos do consumo de alimentos com agrotóxicos. Relativizar o 1% das amostras que apresentam risco de efeito agudo, do ponto de vista da Saúde Pública, significa ocultar que a cada 100 alimentos ingeridos, 1 pode causar intoxicação e até a morte em 24 horas;
5. Outro ponto relativizado pela comunicação da ANVISA foi a não consideração da absorção sistêmica dos agrotóxicos pelas culturas onde esses produtos são aplicados. Existem diversos estudos que apontam a absorção dos agrotóxicos pela raiz das plantas. Isto quer dizer que mesmo retirando ou lavando as cascas não são medidas suficientes para diminuir o perigo na ingestão desses alimentos. Outro aspecto desconsiderado é o cultural, já que no Brasil é costume a utilização de cascas no preparo de chás, doces, sucos e outras formas de preparo de alimentos;
6. O relatório ainda desconsidera o efeito crônico dos agrotóxicos, potencialmente relacionados a vários tipos de câncer e outras doenças degenerativas;
Por fim, consideramos que, no país campeão mundial no uso de agrotóxicos, onde se consome cerca de 1,2 milhão de toneladas desses produtos por ano, com milhares de casos de intoxicação, centenas de mortes e contaminações ambientais, é imperativo que se faça um amplo debate com os setores acadêmicos, dos serviços de saúde e da sociedade civil sobre a vigilância de alimentos e do relatório do PARA.

Ressaltamos ainda que os riscos à saúde e impactos do uso de agrotóxicos para além da contaminação direta dos alimentos e da água para consumo humano; existem exposições de trabalhadores e moradores em áreas de pulverização e outras que são atingidas em todo o país, não somente na agricultura, mas na área urbana, em toda cadeia produtiva, desde a produção, comércio, circulação, transporte, uso na agricultura, veterinária, na saúde pública e silvicultura; essa amplitude de utilizações e exposições não pode ser desconsiderada quando se fala de agrotóxicos. Os perigos e os riscos devem ser sempre explicitados e alertados para que as políticas públicas e a população esteja sempre atenta as medidas de defesa da saúde e do meio ambiente. O alimento é diário, envolve bebes, crianças, pessoas com diferentes susceptibilidades às toxicidades. Não somos seres médios. 1% de risco de intoxicação aguda é inaceitável! Dizemos não ao ocultamento de riscos por métodos que desconsideram as exposições crônicas.

Fonte: Abrasco.

sábado, 5 de novembro de 2016

Impactos do uso do “chumbinho” são discutidos em sessão científica

Chumbinho: agrotóxico comercializado clandestinamente
como raticida. (Foto: JNCF)
Os impactos do uso do “chumbinho” na segurança e saúde pública foram abordados na 6ª edição do projeto Café com Ciência, promovido pelo Departamento de Polícia Técnica da Bahia (DPT), nesta quinta-feira (3), no Centro de Estudos da Instituição.

O projeto tem como objetivo principal promover integração entre os profissionais do DPT através da apresentação de estudos de casos de perícias e discussão interna entre peritos criminais, médicos e odontólogos legistas. Devido ao amplo interesse do tema, técnicos do Centro de Informações Antiveneno (Ciave), além de outros órgãos da Secretaria da Saúde do Estado, foram convidadosa participar.

A perita criminal da Coordenação de Toxicologia Forense do DPT, Maiana Teixeira, explicou que ao contrário do que as pessoas imaginam, o “chumbinho” não é um raticida e quando é utilizado como tal é ineficiente, uma vez que não mata a ninhada. Como ele mata de imediato o rato que o ingere, os demais observam e não comem o alimento envenenado. Diferentemente, os raticidas legalizados, à base de anticoagulantes, provoca o envenenamento lento. Dessa maneira, a morte do animal não é associada ao alimento ingerido, o que faz com que todos os ratos da colônia comam o veneno, resultando na eliminação da ninhada.

Ainda segundo Maiana Teixeira, é grande o número de amostras relacionadas a acidentes, suicídios e homicídios recebidas para perícia pelo DPT que contêm o “chumbinho”. As análises realizadas nestas amostras têm evidenciado que, além do aldicarbe (nematicida do grupo dos carbamatos, de elevada toxicidade), o terbufós (organofosforado igualmente tóxico) e o carbofurano (carbamato utilizado como inseticida) estão presentes na composição deste produto.

A perita ressaltou que em 2012 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu  a produção e venda de qualquer agrotóxico à base de aldicarbe. A proibição foi motivada pela alta incidência de intoxicações, devido ao desvio de uso do referido agrotóxico pela população no combate a ratos.

Representando o Ciave, o coordenador técnico e farmacêutico, Jucelino Nery, relatou grande número de casos de intoxicação por “chumbinho” atendidos anualmente pelo Centro. Só em 2015 foram 240 ocorrências, das quais 24 evoluíram para óbito.

O farmacêutico ressaltou ainda a importância da interlocução entre as diversas instituições envolvidas na questão como o Ministério Público, o DPT, o Ciave, os órgão de vigilância sanitária estadual e municipal e a Secretária Municipal de Ordem Pública (Semop), de forma a se planejar e desenvolver ações para coibir o comércio destes produtos. Segundo Jucelino, o Ciave intermediou há alguns anos esta interlocução, o que resultou naquele momento em uma repressão dessa comercialização ilegal através de fiscalizações e apreensões do produto, porém, este tipo de ação requer continuidade para ser efetivo.

Fonte: Ciave

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Centros de toxicologia se reúnem para discutir protocolos terapêuticos

Jucelino Nery e Dr. Daniel Rebouças foram recebidos por
 Dr. Délio Campolina, coordenador do CIAT-BH.
Representantes do Centro Antiveneno da Bahia (Ciave) participaram esta semana, em Belo Horizonte, da reunião técnica dos Centros de Informação e Assistência Toxicológica e Toxicologistas Clínicos - Abracit. O evento, de grande relevância para os Centros de Informação e Assistência Toxicológica, chamados CIATox, teve como tema principal a padronização de condutas nos acidentes com animais peçonhentos, soroterapia e atualizações na abordagem inicial ao paciente intoxicado, e teve a presença de representantes do Ministério da Saúde (MS), Fundação Ezequiel Dias (Funed) e Centro de Estudos de Venenos e Animais Peçonhentos da UNESP (Cevap).

O biólogo e representante da Organização Panamericana de Saúde (Opas) junto ao MS, Flávio Dourado, falou sobre a atual crise na produção e no abastecimento de soros antivenenos no país, situação que deve começar a ser normalizada a partir de novembro. Dourado recomendou ainda a divulgação das novas recomendações do MS em relação à soroterapia para os acidentes por serpentes do gênero Bothrops e os acidentes escorpiônicos, que foi divulgada às secretarias estaduais de saúde através da Nota Informativa nº 25/2016-SVS-MS.

A complexidade da produção dos soros antiveneno foi abordada por Maurício Abreu Santos, gerente da Divisão de Produção de Imunobiológicos da Funed. Ele explicou como está sendo feita a produção compartilhada destes soros entre os laboratórios oficiais (Funed, Instituto Butantan, IVB e CCPI), o que tem amenizado o problema do abastecimento destes insumos.

Uma boa notícia foi dada pelo pesquisador Rui Seabra Ferreira Júnior, do Cevap, que explanou sobre o denominado Estudo APIS, desenvolvido em parceria com o Instituto Vital Brazil (IVB), que produziu um soro contra o veneno de abelha (soro antiapílico). Atualmente, o projeto está em fase de estudo clínico (Fase 2). Ao final dessa fase, será concluído ou não se o soro poderá ser administrado normalmente em seres humanos. Para que a pesquisa seja válida, é necessário que os pacientes não apresentem efeitos adversos ou qualquer tipo de reação.

No segundo dia, foram apresentadas e discutidas as condutas terapêuticas para os acidentes por animais peçonhentos. O médico toxicologista Daniel Rebuças, diretor do Ciave e ex-presidente da Abracit, falou sobre questão relacionada aos acidentes por Latrodectus (aranha viúva-negra) e por Lachesis (serpente surucucu).

Outros assuntos, como medidas de descontaminação do paciente intoxicado, a inclusão dos CIATOx no grupo gestor da Rede de Urgência e Emergência e sistemas de registro de intoxicações também foram discutidos.

A Abracit, instituição organizadora do evento, segundo o diretor do Ciave, tem como principal objetivo representar os CIATox e seus profissionais junto a órgãos e conselhos governamentais executivos e legislativos, na busca de medidas de efetivo reconhecimento e valorização destes Centros.

No terceiro dia, o Daniel Rebouças e Jucelino Nery, farmacêutico e coordenador técnico do Ciave, realizaram visita técnica ao Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Belo Horizonte (CIAT-BH), localizado no Hospital João XXIII, o segundo Centro mais antigo do Brasil, acompanhados do seu coordenador do serviço e atual presidente da Abracit, Délio Campolina.

Fonte: Ciave

terça-feira, 4 de outubro de 2016

Acidentes com crianças crescem na Bahia nos últimos 15 anos

Para enfrentar o crescimento de acidentes com produtos e serviços, órgãos públicos e entidades da sociedade civil formaram a Rede Consumo Seguro e Saúde para desenvolver ações em conjunto.
Durante todo ano são realizadas operações de fiscalização e orientação a população. O mês de outubro será dedicado para alertar sobre riscos com crianças, com ações do Ibametro, Procon, Codecon, Corpo de Bombeiros, dentre outros órgãos.
 A Semana Criança Segura será realizada entre os dias 04 a 11 de outubro em escolas das redes municipal e estadual, faculdades, shopping, finalizando com um seminário no dia 11 na Escola Superior da Defensoria Pública.

A Realidade dos acidentes na Bahia
Enquanto a média nacional aponta para redução das mortes em acidentes em -23,67%, entre o público de 0 a 14 anos, na Bahia a situação piorou com um crescimento no número de mortes em 5,02%.
Quando são analisados os números de internações, a situação se repete. Enquanto nacionalmente, as internações atingiram a média de 8%, na Bahia houve um crescimento de 14,81%.
Chamam atenção, os dados de mortes com sufocação ou esgasgamento, ou seja, obstrução das vias aéreas, quando a criança acidentalmente aspira um corpo estranho como uma peça de brinquedo, objetos pequenos, como botões, grãos, moedas e balões de borracha.
Na Bahia, o índice aponta para um crescimento assustador de 337,50%, enquanto que na média nacional houve uma redução dos casos na ordem de – 1%.
Para o diretor geral do Ibametro, Luiz Freire, este tipo de acidente é a principal causa de morte de bebês com até um ano de idade.
“Devemos também estar atentos à faixa etária de zero a seis anos, período em que as crianças começam a descobrir o mundo a sua volta e tendem a conhecê-lo levando objetos à boca, originando os acidentes graves. Os pais devem obedecer às restrições de idade em determinados brinquedos e não consumir produtos pirateados que representam grave ameaça às crianças”, alertou Freire.
Outro tipo de acidente crescente na Bahia é relativo a quedas. Enquanto nacionalmente houve uma redução de – 3%, a Bahia apresentou, neste período, um crescimento de óbitos na ordem de 3%.

Ciave alerta para riscos com Medicamentos e Saneantes
Segundo Jucelino Nery, farmacêutico e coordenador de apoio terapêutico do Centro Antiveneno (Ciave), órgão da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), mais de 30% das vítimas dos casos de intoxicação registrados pelo centro são crianças, principalmente por exposição a medicamentos.
O farmacêutico alerta, ainda, que mais de 70% destas intoxicações ocorrem no ambiente doméstico.

Corpo de Bombeiros fará demonstrações de primeiros socorros
Como parte da estratégia de sensibilização dos riscos e orientação sobre os primeiros socorros com crianças que sofreram algum tipo de acidente, o Corpo de Bombeiros, membro da Rede de Consumo Seguro e Saúde – Bahia, irá sensibilizar estudantes da rede municipal e estadual durante a Semana Criança Segura.
Para o comandante do Corpo de Bombeiros, o coronel Francisco Luiz Telles de Macedo, a parceria com vários órgãos contribuirá para que a população fique mais atenta aos riscos de acidentes que geralmente ocorrem dentro dos próprios lares.
“O Corpo de Bombeiros lida com essas ocorrências cotidianamente e acreditamos que a orientação visando a prevenção é o melhor caminho para o enfrentamento destes acidentes”, comentou Telles.

Defensoria Pública monitorará crescimento de casos na Bahia
Preocupada com a escalada de óbitos e internações, a Defensora Pública, Carmem Albuquerque, que atua na proteção de crianças e adolescentes, afirmou que a instituição estará acompanhando os casos na Bahia envolvendo produtos e serviços perigosos que afetem crianças.  
“É direito da criança não sofrer qualquer tipo de acidente com os produtos que estão no mercado. Esta responsabilidade é do fabricante e estaremos cobrando relações de consumo mais seguras”, comentou Carmem.
Os consumidores que sofrerem algum tipo de acidente com produto ou serviço, os conhecidos acidentes de consumo, podem relatar no site www.ibametro.ba.gov.br.

ADI questiona pulverização aérea de produtos químicos no combate ao mosquito Aedes aegypti

Dispositivo da Lei federal 13.301/2016 que admite o uso de aeronaves para dispersão de substâncias químicas no combate ao mosquito Aedes aegypti foi questionado no Supremo Tribunal Federal (STF). A matéria é objeto da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 5592, ajuizada com pedido de liminar pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot.

O artigo 1º, parágrafo 3º, inciso IV, da Lei 13.301/2016 admite a pulverização aérea, desde que a medida seja aprovada pelas autoridades sanitárias e conte com comprovação de eficácia por parte da comunidade científica. Segundo a norma, tal uso pode ser admitido diante de iminente perigo à saúde pública pela presença de vírus causadores de dengue, zika e febre chikungunya, transmitidos pelo mosquito.

O procurador-geral alega violação do direito ao ambiente equilibrado previsto no artigo 225, caput, da Constituição Federal, segundo o qual preservação e proteção do ambiente se impõem ao poder público e à coletividade, por considerar que os danos causados são frequentes, irreversíveis e irreparáveis ou de difícil reparação.

Sustenta ainda afronta ao direito à saúde, por avaliar que “a pulverização aérea de produtos químicos, além de não contribuir de maneira eficaz para combater o Aedes aegypti, provoca importantes malefícios à saúde humana”.

Assim, considerando possíveis danos ao meio ambiente e à saúde, pede a concessão de liminar para suspender a eficácia do dispositivo questionado. No mérito, pede que o STF declare sua inconstitucionalidade.

Fonte: STF.

terça-feira, 27 de setembro de 2016

SSP promove painel sobre prevenção ao suicídio

A Secretaria da Segurança Pública (SSP), através do Núcleo de Estudos e Atenção ao Uso de Drogas (Nead), da Superintendência de Prevenção à Violência (Sprev), realizará, na terça-feira (27), o painel 'Suicídio: como abordar e prevenir', no auditório do Centro de Operações e Inteligência, Centro Administrativo da Bahia (CAB), em Salvador.

Para dar evidência à campanha Setembro Amarelo, ação que ocorre desde 2014, o evento busca conscientizar e alertar à população sobre o suicídio. As inscrições serão feitas no dia, a partir das 8h30. A mesa de abertura contará com a terapeuta ocupacional do Núcleo de Estudos e Prevenção do Suicídio, Maíra Oliveira, que vai discutir 'As dimensões Psicossociais do Fenômeno do Suicídio'.

De acordo com o Superintendente da Sprev, coronel Admar Fontes, o intuito do painel é auxiliar os servidores a refletirem sobre a problemática do suicídio e contribuir com a atuação deles na prevenção.“É pela valorização da vida”, explicou.


Fonte: Excelsior Rádio AM.

terça-feira, 13 de setembro de 2016

Seminário "Suicídio: estigma e enigma social"


SESAB recebe exposição do Centro Antiveneno

Foi realizada na segunda-feira (12/09), de 9 às 16 horas, no saguão da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) uma exposição promovida pelo Centro de Informações Antiveneno (Ciave) com demonstração dos principais agentes tóxicos envolvidos em intoxicações, a exemplo de medicamentos, animais peçonhentos, produtos de limpeza, raticidas e outros; além de antídotos utilizados no tratamento destes eventos.

Técnicos e estagiários do Centro distribuíram material educativo e orientaram quanto às medidas preventivas e de primeiros socorros em caso de intoxicações, despertando grande interesse dos visitantes.

A exposição integrou a programação alusiva aos 36 anos de criação do Ciave, que foi criado em 1980 e integra a rede de centros de informação e assistência toxicológica constituída de 30 centros em atividade, de acordo com a Associação Brasileira de Centros de Informação e Assistência Toxicológica – Abracit.

Considerado referência na área de Toxicologia para todo o Nordeste, o Ciave é uma unidade da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab). Durante o ano passado, o serviço contabilizou cerca 7.300 atendimentos, sendo 65% dos casos ocorridos em ambiente doméstico e a maioria deles causados por medicamentos.

Fonte: CIAVE.

Servidores da Sesab e visitantes conheceram um pouco mais sobre intoxicações.

quinta-feira, 8 de setembro de 2016

"Suicídio é um problema mundial evitável", alerta psiquiatra do Hospital Roberto Santos

Comemorado em 10 de setembro, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio é uma importante data para alertar a população para a gravidade deste ato, que atinge cerca de cem mil pessoas por ano, conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS). Apesar dos dados alarmantes, diagnóstico e tratamento adequados podem evitar mortes. Para garantir assistência ampla e qualificada aos pacientes com transtornos mentais, o Hospital Geral Roberto Santos (HGRS) implantou, no último semestre, o serviço de psiquiatria na unidade.

De acordo com o coordenador da psiquiatria hospitalar no HGRS, Lucas Argolo, o suicídio é um fenômeno complexo, de múltiplas causas, que até hoje suscita grande debate na sociedade: "um tema que pode ser abordado numa visão filosófica, sociológica, religiosa ou clínica".

A depressão, como destaca o psiquiatra, é o principal transtorno mental associado ao suicídio, acompanhado de transtorno bipolar, abuso e dependência a álcool e outras drogas, esquizofrenia e transtornos de personalidade. "Pacientes com diagnóstico de transtorno psiquiátrico e os que já tentaram suicídio previamente estão entre os pacientes com maior risco de suicídio", afirma Lucas.

A OMS estima, ainda, que, até 2020, o número de mortes cresça para 1,5 milhão. Para cada suicídio consumado, segundo Botega et al, três tentam suicídio, cinco planejam, e 17 pensam no suicídio. "Estudos mostram que apenas 3,2% não têm um diagnóstico de transtorno psiquiátrico. Há uma alta prevalência de pessoas sob risco, mas o suicídio é um problema de saúde pública mundial que pode ser evitável. Isso se houver um diagnóstico correto, se fatores de risco agudos e crônicos forem reconhecidos e mitigados, e se houver tratamento adequado", explica o médico.

Psiquiatria Hospitalar no HGRS

Inaugurado em julho deste ano, o serviço de psiquiatria do Hospital Geral Roberto Santos cumpre seu papel no diagnóstico e na estratificação de risco de suicídio dos pacientes que são admitidos nos diversos setores da instituição e que são avaliados na interconsulta psiquiátrica, quando o parecer do psiquiatra é solicitado. "Todo paciente com indício de ideação suicida deve ser abordado e avaliado pelo profissional para o correto diagnóstico e a implementação de medidas precoces a fim de prevenir o suicídio", enfatiza Lucas Argolo.

Atualmente, os leitos destinados à psiquiatria hospitalar estão no segundo andar do HGRS, em ala contígua a outras especialidades. Com o fim da reforma iniciada na instituição, há previsão de expansão de estrutura física, crescimento da equipe e enfermaria própria.

Fonte: ASCOM/HGRS.

domingo, 4 de setembro de 2016

Proibido uso de agrotóxicos com Parationa Metílica

A utilização da Parationa Metílica está proibida no Brasil. A determinação foi publicada na segunda-feira (29/8), no Diário Oficial da União (DOU).

Na edição do Diário Oficial da União, a Resolução 2.297 determina o cancelamento dos informes de avaliação toxicológica de todos os produtos agrotóxicos a base do ingrediente ativo Parationa Metílica desde o dia 1º de setembro deste ano. Portanto, com a publicação da resolução a utilização da Parationa Metílica está proibida no Brasil desde então.

 A proibição se deve à conclusão da Anvisa de que o ingrediente ativo se enquadra nos seguintes critérios proibitivos de registro previstos na legislação brasileira:

É mutagênico;
Causa danos ao sistema reprodutor;
É mais perigoso para o homem do que demonstrado em testes com animais de laboratório;
Possui indícios de causar distúrbios hormonais.
A substância teve sua retirada programada do mercado brasileiro segundo os critérios dispostos na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 56/2015. A norma determinou que, a partir de 1º de junho de 2016, os agrotóxicos a base de Parationa Metílica não poderiam mais ser comercializados.

A RDC estabeleceu que, a partir de 1º de setembro de 2016, as empresas responsáveis pelos produtos deveriam iniciar o recolhimento dos estoques remanescentes em poder dos agricultores em um prazo máximo de 30 dias, não podendo se estender por mais de 90 dias.

De acordo com a decisão tomada pela Anvisa, a monografia da Parationa Metílica será mantida até 31 de dezembro de 2017, apenas para fins de monitoramento de seus resíduos em alimentos.

Fonte: Anvisa.

Intoxicações foi o tema discutido na Sessão Temática da EESP

A Escola Estadual de Saúde Pública Professor Francisco Peixoto Magalhães Netto (EESP), realizou na última quinta-feira (01), no auditório da Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia (HEMOBA), a sexta sessão temática de 2016, sob o tema "Dialogando sobre intoxicações: da prevenção à assistência".

Com 36 anos de atividades, o Centro de Informações Antiveneno da Bahia (Ciave) está localizado no complexo do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), em Salvador, e tem como principais atividades prestar informações e assistência toxicológica especializada, com plantões ininterruptos. O Centro Antiveneno está comemorando este mês o Setembro Amarelo, que é uma campanha de conscientização e prevenção ao suicídio e de valorização da vida.

A sessão iniciou com a participação de Jucelino Nery da Conceição Filho, coordenador técnico do CIAVE, farmacêutico coordenador do Programa Nacional de Controle de Acidentes por Animais Peçonhentos na Bahia, que falou sobre a toxicovigilância que consiste em ações desenvolvidas para eliminar ou reduzir as situações capazes de afetar a saúde pela exposição às substâncias químicas,além do diagnóstico e tratamento das intoxicações exógenas e da epidemiologia das intoxicações por conta da utilização de produtos químicos que, às vezes, são indispensáveis para o desenvolvimento de algumas atividades do homem, prevenção de algumas doenças e produtividade agrícola que, por conta da utilização constante e inadequada tem causado efeitos adversos à saúde humana e à integridade do meio ambiente, assim ocasionando acidentes individuais, coletivos e de grandes proporções.

Jucelino Nery também mostrou a lista de medicamentos que têm mais envolvimento nas intoxicações, mostrando dados do Sinitox e do Sinan de casos de todos os agentes tóxicos, os registros dos casos com circunstâncias mais frequentes e grupos que possuem alto risco e maior frequência por faixa etária, explicando as medidas preventivas. Por fim, o mesmo falou dos conceitos básicos acerca dos animais peçonhentos e não peçonhentos, como identificar as serpentes peçonhentas, como prevenir e o que fazer em caso de primeiros socorros.

Daniel Santos Rebouças, diretor do Ciave, médico cardiologista e toxicologista falou sobre os centros de informações e assistência toxicológica e seus desafios, juntamente com a sua atuação e veiculação, as formas de atendimento prestado (presencial e à distância), nível de atuação, o público-alvo do centro que atende todas as faixas etárias e quais os tipos de circunstâncias das vitimas (tentativa de homicídio, aborto, etc.). Rebouças também falou da quantidade e da variedade de agentes que é o maior desafio e as formas de intoxicações.


Fonte: EESP
Sessão Temática


quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Exposição alerta sobre o risco de envenenamento

Visitantes da mostra no Hospital Roberto Santos receberam
materiais e orientação (Foto: A TARDE)
Referência na área de toxicologia para o Nordeste, o Centro Antiveneno da Bahia (Ciave) promove uma série de ações educativas e científicas como parte da 2ª Semana Estadual de Prevenção às Intoxicações. O objetivo é orientar a população sobre a prevenção, diagnóstico e tratamento de intoxicações e envenenamentos.

Uma das atividades realizadas pelo órgão, que é vinculado à Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), foi uma mostra dos principais agentes causadores de  lesões tóxicas. Entre eles, produtos de limpeza, inseticidas de uso doméstico, raticidas clandestinos, algumas plantas e animais.

Durante a exibição, nesta terça-feira, 30, na recepção do Hospital Geral Roberto Santos (HGRS), no bairro do Cabula, pacientes e visitantes da unidade de saúde receberam materiais educativos e a orientação de especialistas.

O coordenador técnico do Ciave, Jucelino Nery, chamou a atenção para os crescentes casos de intoxicações ocorridos em ambientes doméstico. "Produtos de uso doméstico são usados de forma incorreta. Muitas vezes, não nos damos conta de que estamos expostos a substâncias tóxicas", explicou.

Para Nery, o cuidado deve ser redobrado com as crianças, devido aos crescentes casos de intoxicação envolvendo este público. "Medicamentos e produtos de limpeza, por exemplo, podem ser facilmente confundidos com doces, por conta da coloração e  forma", elucidou o coordenador do centro antiveneno.

"É importante sempre estar atento em relação a esses produtos, porque as crianças costumam ser curiosas. Por conta disso, sempre procuro manter esse material fora do alcance da minha filha", afirmou o pintor Luís Cláudio da Paixão, 45 anos, um dos visitantes da exposição realizada nesta terça.

Acidentes
No ano passado, foram registrados pelo o órgão cerca de 7.300 atendimentos, sendo 65% dos casos ocorridos em ambiente doméstico. Deste total, cerca de  43% foram de acidentes com animais peçonhentos, acompanhados de 24% por intoxicação com medicamentos e 6% por agrotóxicos de uso agrícola.

"Os acidentes com animais peçonhentos, como aranhas e cobras, costumam envolver animais domésticos. Isso se dá porque cada vez mais invadimos o habitat dessas espécies, que, como mecanismo de defesa, acabam atacando", afirmou a médica veterinária Aline Brito, do Ciave.

O órgão atua na orientação, diagnóstico, terapêutica e assistência presencial de pacientes intoxicados. Além disso, também realiza análises toxicológicas de urgência, identifica animais peçonhentos e plantas venenosas, mantém e distribui antídotos e de soros antipeçonhentos para a rede pública estadual.

O Ciave ainda atende em regime  24 horas, por meio do Disque-Urgência Toxicológica, cujo telefone  é 08002844343.

Fonte: A Tarde.





Experiência do Núcleo de Prevenção do Suicídio do Ciave será apresentada em congresso latino americano

A psicóloga Soraya Carvalho, coordenadora do Núcleo de Estudo e Prevenção do Suicídio (NEPS), serviço do Centro Antiveneno da Bahia (Ciave), participará do VII Congresso de Suicidologia da América Latina e Caribe, que será realizado no Chile, de amanhã (1º) até o próximo dia 3, sábado. No primeiro dia do evento, durante mesa-redonda composta por representantes da Associação Brasileira para o Estudo e a Prevenção do Suicídio (ABEPS), a representante do Ciave fará uma apresentação sobre o tema "O suicídio e a (des) ordem médica".

O NEPS é um serviço desenvolvido pelo Ciave na prevenção de suicídios e redução de reincidências destes eventos. A equipe do núcleo é formada por enfermeira, psicólogas, terapeutas ocupacionais, psiquiatras e estagiários de Psicologia, que atende pacientes de todas as idades. O acesso a esse serviço se dá através de demanda espontânea ou por casos de tentativa de suicídio identificados em emergências.

Evitando reincidências

As atividades do núcleo foram iniciadas em 1991 e atualmente, segundo a psicóloga, "somos referência na Bahia e também estamos exportando o modelo para outros centros no Brasil, pois somos pioneiros no país". As ações do núcleo incluem orientação aos pacientes e familiares, e também a preparação de equipes de saúde.

Pioneira no país, a experiência de acompanhamento psicológico ambulatorial contínuo a pacientes com comportamento suicida, implementada no Neps, já foi apresentada em diversos encontros científicos. Segundo a coordenadora do serviço, a continuidade do acompanhamento posterior ao atendimento emergencial tem resultado numa taxa inferior a 0,01% na reincidência de tentativas de suicídio.

Ainda segundo Soraya Rigo, o suicídio é considerado hoje um grave problema mundial de saúde pública. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), cerca de um milhão de suicídios são contabilizados anualmente e para cada caso de suicídio estima-se que ocorram 15 a 25 tentativas, sendo a depressão o principal fator associado ao risco de suicídio.

Fonte: ASCOM/SESAB.

segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Exposições e seminário nos 36 anos do CIAVE

Considerado referência na área de toxicologia para todo o Nordeste, o Centro Antiveneno da Bahia (Ciave), unidade da Secretaria da Saúde do Estado (Sesab), completa 36 anos de funcionamento no próximo dia 30, data em que também transcorre o Dia Estadual de Conscientização para a Prevenção da Intoxicação por Substâncias Químicas, instituído através da lei 9.205, de agosto de 2004.

Contabilizando, durante o ano passado, cerca 7.300 atendimentos, sendo 65% dos casos ocorridos em ambiente doméstico, o Ciave presta assistência a pacientes e orientação toxicológica especializada a profissionais de saúde, em plantões ininterruptos. Do total de atendimentos registrados no ano passado, 43 % foram por acidentes com animais peçonhentos, 24% por intoxicações por medicamentos e 6% por agrotóxicos de uso agrícola.

Em comemoração aos 36 anos de serviços prestados pelo Ciave à saúde da população, acontece a 2ª Semana Estadual de Prevenção às Intoxicações, de 27/08 até o próximo dia 1º de setembro, com uma série de atividades educativas e científicas, com o objetivo de divulgar a legislação nacional, estadual e municipal que regulamenta o uso de substâncias químicas, os cuidados necessários na utilização de substâncias químicas e as formas de prevenção de acidentes que possam provocar intoxicação.

As atividades começaram no sábado (27), às 8 horas, no Centro Comunitário Clériston Andrade (avenida Garibaldi), com uma exposição de animais peçonhentos, plantas tóxicas e outros materiais relacionados às atividades desenvolvidas pelo Ciave. As atividades seguem até 12 horas, com distribuição de material educativo e orientações sobre intoxicações em geral, com ênfase especial às ações preventivas e primeiros socorros.

Na segunda-feira, dia 29, às 8 horas, no auditório do Ciave, térreo do Hospital Geral Roberto Santos, será realizado um café da manhã, com apresentação sobre os 36 anos de história do centro, situação atual e perspectivas. No dia seguinte, terça-feira, durante todo o dia, no saguão do Hospital Roberto Santos, haverá exposição de animais peçonhentos e plantas tóxicas, distribuição de material educativo e orientações à população. A programação será encerrada no dia 1º de setembro, de 14 às 17 horas, no auditório da Hemoba, com palestras sobre o tema "Dialogando sobre intoxicações: da prevenção à assistência",em parceria com a Escola Estadual de Saúde Pública.

Referência

Segundo o médico toxicologista Daniel Rebouças, diretor do Ciave, a ocorrência de envenenamentos é um grave problema de saúde pública em todos os países, tendo duplicado nas últimas décadas. Em termos globais, estima-se que 1,5 a 3% da população é vitimada todos os anos. No Brasil, os registros alcançam cerca de 4,8 milhões de casos anualmente e destes, 0,1 a 0,4% evoluem para óbito. Na Bahia, as notificações chegam a 19 mil casos/ano.

Segundo serviço de toxicologia do país a entrar em funcionamento, o Ciave é responsável pela normatização, regulação e controle de atividades ligadas à toxicologia; orientação toxicológica em geral para prevenção, diagnóstico e tratamento de intoxicações exógenas; atendimento médico de urgência e acompanhamento de pacientes intoxicados; realização de análises toxicológicas de urgência em pacientes atendidos na rede pública de saúde e monitoramento terapêutico de fármacos; manutenção do laboratório de animais peçonhentos e controle e manutenção de bancos de antídotos, entre outras atividades relacionadas à toxicologia.

O serviço conta ainda com o Núcleo de Estudos e Prevenção do Suicídio (NEPS), criado em 2007, que além do acompanhamento psicológico, disponibiliza atendimento psiquiátrico ambulatorial, terapia ocupacional e reuniões informativas para familiares de pacientes que tentaram suicídio. A coordenadora do Núcleo, Soraya Carvalho, conta que o serviço é voltado ao atendimento de pacientes com depressão grave e risco de suicídio. "Atualmente, somos referência na Bahia e também estamos exportando o modelo para outros centros no Brasil", revela a psicóloga.

Destaque também, no Ciave, para o jardim de plantas venenosas, fundamental para identificar as espécies de plantas que causam envenenamento ou algum tipo de intoxicação, garantindo o tratamento adequado às vítimas.

Fonte: ASCOM/SESAB.

Conheça o risco silencioso de se morrer no banho

Um casal de namorados, estudantes do curso de Química da UFRJ, foi encontrado morto, em uma casa, na cidade de Teresópolis, na região serrana do Rio de Janeiro, na última terça-feira (23). Segundo o laudo do IML (Instituto Médico Legal), Maira Nuldeman, de 23 anos, e Rafael de Paula Campos, de 20 anos, morreram por conta de uma intoxicação por gás. Os dois estavam nus e abraçados dentro do box.

A inalação de gases perigosos leva à morte em poucos minutos e não dá chance de defesa às vítimas. Uma ventilação adequada do ambiente e cuidados com a instalação e manutenção dos aparelhos à gás, como aquecedores, e fogões com botijão de GLP (Gás Liquefeito de Petróleo, são fundamentais para evitar mortes.

A Asmirg-BR, associação Brasileira de Revendedores de GLP, fez um alerta ao Ministério Público Federal para que sejam adotadas medidas extras de orientação para os consumidores e usuários de locais onde existem botijões e aparelhos à gás. "Deveria ter uma indicação mais clara e direta sobre o risco de morte ao inalar. Além de uma orientação sobre os cuidados que devem ser tomados para evitar uma intoxicação acidental", disse Alexandre Borjaili.

A intoxicação acidental geralmente acontece por conta da inalação de monóxido de carbono, que ao atingir a corrente sanguínea leva a um quadro de letargia, sonolência e vertigem. "É uma situação sem aviso-prévio. A vítima, muitas vezes, não tem tempo de reação. Não consegue nem sair do banheiro ou do ambiente onde está o gás. É um risco silencioso e fatal", diz Paulo Tanus Átem, especialista em sistemas de gás natural e diretor da PI ATEM Consultoria e Assessoria Técnica.

Para evitar este tipo de acidente é preciso tomar muito cuidado com a instalação dos aparelhos e seguir à risca as orientações dos fabricantes. "As adaptações devem ser evitadas", diz Átem. Outro ponto importante é a atenção aos pré-requisitos exigidos para o ambiente onde o aparelho será instalado. "Deve ter dois pontos de ventilação. Um superior e outro inferior, geralmente, uma fresta na parte de baixo da porta", diz.

Em setembro do ano passado, uma família inteira morreu por intoxicação acidental quando uma das filhas estava usando o chuveiro à gás. A tragédia aconteceu em Ferraz de Vasconcelos, na região metropolitana.

Reforma em casa

A ventilação deve ser permanente, se for uma janela basculante, é necessária a instalação de uma trava para que ela nunca fique totalmente fechada. 

Em apartamentos deve se evitar reformas grandes que reduzem a segurança. "As construtoras, geralmente, entregam as unidades com a área de serviço aberta e com muita ventilação. Ao longo do tempo, para evitar insetos, barulho e chuva, o proprietário vai fechando a área de serviço e isto atrapalha a ventilação de todo o apartamento", diz Átem.

O monóxido de carbono é tóxico e asfixiante, com menos de 100 ppm (partes por milhão) no ambiente já existe o risco de morte.

Fonte: R7.

sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Dialogando sobre intoxicações: da prevenção à assistência

A Escola Estadual de Saúde Pública Professor Francisco Peixoto de Magalhães Netto (EESP) promoverá sessão temática sobre o tema: "Dialogando sobre intoxicações: da prevenção à assistência".

O evento será realizado no dia 1 de setembro, das 13h30 às 17h, no auditório da Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia (Hemoba), localizado na Avenida Vasco da Gama, s/n, (entrada do HGE). O período de credenciamento dos participantes será 13h30 às 14h.

A sessão tem como público-alvo: estudantes, profissionais, trabalhadores, professores e gestores da saúde e/ou aqueles que, porventura se interessem pelo tema apresentado.

A sessão será conduzida pelos seguintes palestrantes: Daniel Santos Rebouças, diretor do Centro Antiveneno da Bahia (Ciave), médico cardiologista e toxicologista e Jucelino Nery da Conceição Filho, coordenador técnico do (Ciave), farmacêutico coordenador do Programa Nacional de Controle de Acidentes por Animais Peçonhentos na Bahia

As inscrições são exclusivamente presencias, no horário já citado. Os primeiros inscritos terão prioridade, de acordo com a capacidade física do local em que será realizado o evento.

Todos os participantes são certificados.

Fonte: EESP

terça-feira, 9 de agosto de 2016

Mato Grosso do Sul: “Jardim venenoso” na capital reúne espécies tóxicas de todo o estado

Espirradeira, planta ornamental que, quando cresce, ostenta 
belas flores cor de rosa. (Foto: Chloé Pinheiro)
Quem vê as simpáticas flores amarelas que compõem a mascagnia pubifora, nome técnico do cipó prata, nem imagina que elas são capazes de provocar morte súbita em dezenas de bois. A toxina da plantinha, que parece inocente à primeira vista, para o coração dos bichos assim que eles começam a se movimentar.
Essa é apenas uma das 28 espécies que compõe o Campo Agrostológico de Mato Grosso do Sul, que fica na Faculdade de Veterinária da UFMS (Universidade Federal do Mato Grosso do Sul). “Aqui criamos plantas de interesse pecuário, com potencial de causar prejuízos por intoxicação em rebanhos no estado”, explica Ricardo Antônio Amaral de Lemos, professor de Medicina Veterinária.
Lemos é responsável pelo projeto, o primeiro do Estado e um dos maiores acervos do gênero do Brasil, que começou em 2012. “A ideia é avaliar os componentes tóxicos da planta, averiguar se há mudanças conforme o exemplar é transportado, ou se há uma fase em que elas ficam mais perigosas”, conta Ricardo.
Em época de queimadas, por exemplo, é comum que a vernonia rubricaulis, de folhas finas e flores lilases, esteja mais disponível aos animais. Com todo o mato queimado, ela rebrota e aparece antes das outras. Para piorar, nessa fase ela está mais palatável – ou seja, parece gostosa para os bichos. Mas, uma vez ingerida, apenas 10g são suficientes para matar um boi.
Já a brachiaria, que mais parece um capim e é comum no estado inteiro, causa deformações e até tumores nos rebanhos. A prova viva do efeito poderoso desta espécie está lá mesmo, no jardim. Em um cercadinho vive Guaxo, ovelha de quase 18 anos que teve uma orelha retirada e tem várias sequelas de intoxicação.
“Ele já está tratado, mas ficou com as marcas e tivemos que retirar a orelha por conta do câncer”, conta o professor. Por ser sensível demais, Guaxo chegou ao campus muitos anos atrás para que os pesquisadores descobrissem as razões que fazem alguns animais serem afetados e outros não. “Como gostamos dele, ele ficou aqui”. Apesar da aparência, Guaxo vive a terceira idade bem, só não pode pegar muito sol.
Utilidade pública - O jardim recebe visitas de produtores, escolas agrícolas e até de outras universidades. Ao descobrir como se comportam os venenos de cada planta, fica mais fácil de combater o problema. “É possível, por exemplo, desenvolver resistência nos animais a alguns componentes através dos micro-organismos do rumem do próprio bovino”, detalha.
Sem contar que o produtor agrícola pode economizar tanto em cabeças quanto no gasto com herbicidas. “Geralmente, as intoxicações são reflexo ou de desequilíbrios ecológicos ou da alimentação do rebanho”, destaca Ricardo. “E o produtor acaba investindo em herbicidas, medida que acaba sendo cara e ineficiente pois não resolve o problema, que tende a reaparecer”.
"Muitas vezes também os sintomas da intoxicação são pouco definidos e as pessoas confundem com raiva e outras doenças", aponta. Por isso, mais importante do que matar as brotações indesejadas é controlar as causas por trás da proliferação. 

Findo o projeto original, Ricardo mantém os exemplares ali e o arsenal segue crescendo. Agora, há também plantas mais vistas no cenário urbano, como a espada-de-são-jorge e a mamona. “Algumas delas, apesar de serem usadas para fazer chá e até espeto para churrasco, como a espirradeira, são tóxicas para humanos”, finaliza o professor.

terça-feira, 26 de julho de 2016

Pesquisador da Ufal descobre ação da peçonha dos peixes sapo e escorpião

Professor Hugo Pereira, do IQB
O peixe-sapo, mais conhecido como niquim, é facilmente encontrado nas lagoas, um dos principais ecossistemas do estado alagoano. Já o peixe-escorpião, também chamado de beatriz, vive escondido em recifes de coral, como os que podem ser encontrados nas praias de Maceió e também nas do interior de Alagoas. O comum entre os dois é o raro e até então desconhecido mecanismo de toxicidade, ou seja, o modo de atuação da peçonha (popularmente, chamada de veneno) quando inoculado no ser humano.
A descoberta é do grupo de pesquisa de Bioquímica e Biologia Molecular, do Laboratório de Metabolismo e Proteômica (Lamp), vinculado ao Instituto de Química e Biotecnologia (IQB) da Ufal, e surpreendeu o meio científico pelo fato desses animais marinhos apresentarem uma atividade de intoxicação totalmente oposta ao que é encontrado nos animais terrestres peçonhentos.
“Em cascavéis, jararacas, aranhas e escorpiões, geralmente, o mecanismo de toxicidade é inibir uma atividade enzimática específica, chamada enzima conversora. Ocorre que nós encontramos a própria enzima nas peçonhas dos peixes sapo e escorpião, ou seja, são animais que usam a enzima e não a inibição dela. É algo totalmente diferente de tudo o que é visto nas espécies terrestres”, explica o doutor em Bioquímica e coordenador da pesquisa, professor Hugo Pereira.
Ele explica também que as peçonhas dos animais terrestres são mais líquidas, diferente da dos animais marinhos pesquisados, que são quase gelatinosas, viscosas e demoram mais tempo a dissolver.
Diante desse importante achado científico, o desafio agora é explicar como essas enzimas funcionam nas peçonhas. “Temos que entender como podem ser tão tóxicas, se nos animais terrestres você tem a inibição delas como parte da toxicidade. Isso explica a ineficácia em se buscar tratamentos, porque, em todas as espécies terrestres, você encontra a inibição dessa enzima como parte do mecanismo da toxicidade e isso não ocorre com os peixes sapo e escorpião”, esclarece.
Os estudos sobre o assunto são poucos e recentes, o que dificulta a descoberta, em curto prazo, de um medicamento para tratar os que são feridos pelos peixes niquim e beatriz. O grupo da Ufal, um dos principais do Brasil, tem apenas quatro anos de existência e atualmente vive o seu melhor momento.
Como os animais terrestres peçonhentos têm mais chances de ser encontrados, os estudos sobre eles são bem mais amplos. “Na lagoa ou no mar, tem chance se der ferido quem pratica esporte aquático ou trabalha. Por isso, cerca de 98% dos acidentes com animais marinhos peçonhentos são sofridos por profissionais”, diz Pereira.
Preocupação maior com o peixe-sapo
Além da importância acadêmica, a continuidade da pesquisa tem relevância por causa de seu impacto social, principalmente, em Alagoas. Embora não seja um caso de notificação obrigatória pela Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), é alta a incidência de pessoas feridas pelo niquim e com consequências sociais graves, uma vez que não há antídoto que neutralize a ação da peçonha produzida pelo animal.
Os principais atingidos são pescadores, sobretudo, os que trabalham na pesca do sururu. Ao mergulhar na lagoa e remexer a lama para retirar o molusco, o trabalhador entra no ambiente do peixe-sapo que, para se defender, recorre ao mecanismo de defesa o qual é formado pelo sistema inoculador.
“É fatal quando esse encontro ocorre, não tem como evitar, infelizmente. O hábito do peixe é viver na lama, ficar de repouso no leito da lagoa, justamente onde fica o sururu. Não tem como evitar”, esclarece o pesquisador.
A substância tóxica do niquim não é letal, mas pode deixar sequelas incapacitantes, como a perda total do membro ou da sua função motora. O professor Hugo Pereira entrevistou vários pesquisadores e se surpreendeu ao ver quantos deles não apresentam a capacidade integral para o trabalho. “É difícil encontrar um com todos os dedos funcionando. Eles [pescadores] dizem 'esse não mexe’, ‘perdi esse em um acidente’, ‘já tive vários acidentes'”, conta. Mas o pesquisador alerta que nem todos os feridos pelo peixe perderão os movimentos, pois depende da idade e do quadro físico de cada pessoa.
As principais queixas daqueles que se acidentam são dor intensa e febre. “ ‘Dói o osso, professor’, é o que eles dizem. E esse ‘empeçonhamento’ é muito triste, pois tem um lado social. Ele fica impedido de trabalhar por semanas, porque é a mão ou o pé que perde movimento, às vezes, é preciso até amputar”, lamenta o pesquisador. 
Para saber o número de pessoas acidentadas aqui no Estado, o pesquisador da Ufal teve que analisar os dados globais referentes a animais peçonhentos, fornecidos pela Sesau, e desmembrar entre terrestres e marinhos. 
Ao analisar os prontuários, foram encontradas 76 subnotificações (informações de prontuário) de acidentes com o niquim no período de três anos. “É um índice sete vezes maior que o do Ceará. Enquanto a secretaria de Saúde do estado cearense relata 21 casos em 10 anos, a Sesau de Alagoas apresenta 76 em três anos de coleta. E essa prevalência pode ser ainda maior, uma vez que aqui há muito mais lagoas e não há notificação de acidentes com animais marinhos peçonhentos”, diz o pesquisador, num comparativo com o estado de Ceará, onde há uma central exclusiva para comunicação de acidentes com quaisquer animais marinhos peçonhentos.
Outro fator para subnotificação dos casos é a baixa procura por atendimento médico. Muitos pescadores não procuram os postos de saúde e há muita falta de informação sobre o assunto. Não é difícil encontrar na lagoa Mundaú trabalhadores com histórico de 14 ou até mais acidentes.  “São casos que acontecem todos os dias. Eles são feridos várias vezes e acabam achando normal parar de mexer o dedo, perder o membro, ficar duas semanas sem trabalhar. Nem contam mais e as morbidades vão se acumulando, pois não existe tratamento”, afirma Hugo Pereira.
E encontrar um tratamento eficiente é um dos principais desafios do grupo de pesquisa da Ufal. Hoje, ao ser picado por uma cobra, por exemplo, a pessoa vai ao posto de saúde e tem chances de receber um medicamento específico. No caso do peixe-sapo, e também do escorpião, isso não é possível, pois não há tratamento pela soroterapia, tal como é feito com os animais terrestres, nem paliativo. O principal procedimento adotado é a analgesia. “Todos os anti-inflamatórios não respondem bem, pois o principal quadro é de inflamação, com um grande inchamento do membro, às vezes com infecção secundária, que pode evoluir para uma gangrena, tendo possibilidade de perder o membro”, explica o pesquisador.
Busca pelo antídoto
Há muitos estudos do Instituto Butantã na tentativa de encontrar um soro para a peçonha do peixe-sapo. Segundo o pesquisador da Ufal, os profissionais do instituto coletam, com frequência, cerca de 40 a 50 animais nas lagoas Mundaú ou Manguaba e levam para São Paulo na tentativa de neutralizar a ação tóxica da substância produzida pelo animal.
Nada foi encontrado ainda. “Como profissionais imunologistas, o interesse deles é voltado para uma aplicabilidade imediata, ou seja, neutralizar, fazer um soro. O que ainda não foi eficaz em dez anos de tentativa”, explica.
De acordo com o professor, pouco se tem feito para estudar e entender a peçonha desses animais marinhos, o que dificulta os avanços sobre assunto. “É próprio da bioquímica fracionar e entender, separadamente, as substâncias e moléculas dos seres vivos. E é exatamente isso que o nosso grupo de pesquisa na Ufal vem fazendo. Quem sabe, ao estudar melhor essa enzima, consigamos inibi-la e assim ter uma melhoria no quadro dessas pessoas”, conclui.
Publicação da pesquisa em revistas e livro
A descoberta do pesquisador da Ufal, Hugo Pereira, já resultou na publicação de livro e de três artigos em revistas científicas de circulação internacional. Com o título Atividades vasopeptidasícas da peçonha e do muco tegumentar, da editora Novas Edições Acadêmicas, o livro é um relato detalhado sobre como foi a descoberta do inusitado mecanismo de toxicidade dos peixes sapo e escorpião.
“São animais que nunca foram estudados e até esperávamos encontrar coisas muito diferentes, mas não opostas. É um tópico extremamente estimulante do ponto de vista cientifico, mas também há uma motivação social de entender e, uma vez entendido, interferir. E essa descoberta é destrinchada na obra”, assinala o autor. O livro foi bem recebido pela comunidade acadêmica e está sendo traduzido para o inglês. A obra será lançada pela editora polonesa Intech e distribuído na União Europeia. 
Já os artigos, publicados em periódicos internacionais, abordam a descrição e o isolamento da atividade tóxica apresentada pelos animais marinhos. Dois deles foram publicados na revista Toxicon, do grupo Elsevier, um no mês de maio de 2015 e o outro em setembro.
O terceiro foi publicado no International Journal of Biological Macromolecules, também pertencente ao grupo Elsevier. Nessa publicação, o pesquisador explica que foi um estudo mais refinado, apresentando pela primeira vez o isolamento da enzima, chamada conversora de angiotensina, responsável pela atividade tóxica, caracterizando-a estruturalmente.
“Foi um artigo cientificamente mais desafiador, mas estamos nos motivando cada vez mais. Vamos continuar os estudos para compreender a ação dessa peçonha que se mostra tão diferente da dos terrestres. Há o desafio cientifico e também prático, pois estamos em Alagoas e é compromisso nosso poder melhorar a qualidade de vida das pessoas. E acreditamos que compreendendo esses componentes a gente consiga, sim, melhorar”, ressalta o professor.
Fonte: UFAL.