segunda-feira, 10 de agosto de 2020

CIATox-BA completa 40 anos de fundação com uma série de “lives”

Os 40 de fundação do Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Bahia – CIATox-BA (Centro de Informações Antiveneno\(Ciave), órgão da Secretaria da Saúde do Estado, esse ano, por conta da pandemia do Covid-19, serão comemorados diferentemente do habitual. A programação, que iniciou no dia 3 de agosto, trás  uma série de lives e um webinar, intitulado “Intoxicações no Período de Pandemia”. O centro, cuja data de inauguração foi 30 de agosto, completa 40 anos contabilizando mais de 213 mil atendimentos de exposição humana a agentes tóxicos.

Contando com uma equipe multiprofissional, com biólogos, enfermeiros, farmacêuticos, médicos, médicos veterinários, psicólogo e terapeutas ocupacionais, o CIATox-BA é o único serviço do gênero no estado. Por estar localizado em um hospital geral, o Roberto Santos, a equipe do serviço mantém sua expertise, propiciando um atendimento especializado e embasado no conhecimento prático, sendo um centro de informação e assistência toxicológica de referência para o país, considerado modelo pela Organização Panamericana de Saúde (OPAS) para os países em desenvolvimento.

Nessas quatro décadas de atuação, o centro também disponibilizou campo de estágio para mais de 1.200 estudantes da área de saúde, capacitou cerca de 5.700 emergencistas e 15.000 profissionais de saúde de nível médio, em todas as regiões do Estado. No serviço, durante o ano passado, foram atendidos 9.702 casos de exposição humana a agentes tóxicos.

Esse ano, até agora foram registrados 4.844 atendimentos de casos de intoxicação por diferentes agentes, com maior incidência por animais peçonhentos (2.821), medicamentos (817), animais não peçonhentos (180), agrotóxicos (164), produtos domissanitários (155), produtos químicos (139) e raticidas (82).

PROGRAMAÇÃO

A programação comemorativa aos 40 anos do centro iniciou no dia 3, às 19 horas, com live sobre o tema “A Intoxicação Como Acidente de Consumo”. No dia 10, também às 19 horas, teve como tema “Medicamentos: da automedicação à intoxicação”.

“Acidente por Animais Peçonhentos: ações de controle de acidentes, medidas preventivas e primeiros socorros” será o tema enfocado no dia 17, às 19 horas, enquanto no dia 24 será abordada “A Intoxicação por Agrotóxicos: da lavoura até a mesa do consumidor”, no mesmo horário (19 horas).

Webinar sobre o tema “40 anos do CIAVE-BA à Serviço da Vida”, no dia 31, às 19 horas, terá a participação dos ex-diretores do serviço, Daisy Schwab e Daniel Rebouças, além de outros convidados. Finalizando a programação, no dia 14 de setembro será realizada live sobre “Intoxicação por Produtos de Limpeza Doméstica e a Pandemia.”

A programação tem como público alvo a população em geral, e utilizará a plataforma StreamYard, gratuita, que tem como foco a transmissão de videoconferências com abertura para streaming como o Youtube e Facebook, de uma forma prática, sem exigir uma grande estrutura de equipamento. Além do compartilhamento de tela, tem os recursos de criação de banners, com o título da transmissão e de exibição de comentários da rede social em que a live é transmitida (no caso, será o Youtube).

Confira as lives através do link https://bit.ly/ciave40anos.

segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Intoxicação alimentar ou toxinfecção?


A intoxicação alimentar, geralmente, é o resultado da ingestão de água ou alimentos em estado natural, semi-preparados, preparados, enlatados, congelados, etc., que por si só causam intoxicação ou se estiverem contaminados por produtos metabólicos de microorganismos (toxinas).

A contaminação, portanto, pode ocorrer durante o preparo, manipulação ou armazenamento dos alimentos. Os contaminadores mais comuns são as bactérias (com produção de toxina), especialmente a Campylobacter jejuni, Salmonela e Clostridium. Comumente, esse tipo de intoxicação leva a efeitos em curto prazo e acomete várias pessoas ao mesmo tempo.

"Vale ressaltar que a intoxicação alimentar decorrente de microorganismos (fungos e bactérias) difere da toxinfecção pelo fato das toxinas já estarem presentes no alimento (pré-formada) quando da ingestão (ex.: botulismo; intoxicação estafilocócica; intoxicação por aflatoxina; intoxicação por histamina produzida por bactérias em pescado), enquanto no segundo caso, as toxinas são liberadas por esses microrganismos após a ingestão do alimento (ex.: cólera, toxi-infecção causadas por E. Coli, C. perfringens e Campylobacter jejuni)", esclarece Jucelino Nery, farmacêutico e diretor interino do Centro Informação e Assistência Toxicológica da Bahia – CIATOX-BA (ex-CIAVE), centro de referência estadual em Toxicologia, órgão da Secretaria Estadual de Saúde (SESAB).

De acordo com o farmacêutico do CIATOX, a intoxicação pode se dar ainda pela presença de toxinas naturalmente presente em alguns alimentos que, em determinadas condições, leva ao acometimento de pessoas que fazem a sua ingestão. Temos como exemplo a batata com coloração verde, que contém a solanina, alcalóide tóxico que funcionam como mecanismo de defesa, produzido pelos tubérculos quando permanecem expostos à luz. Outro caso é o da carambola, que possui a enzima caramboxina, quando ingerida por pacientes com problemas renais crônicos deixa de ser filtrada pelos rins e se acumula no organismo, levando à intoxicação.

Por outro lado, podem ocorrer intoxicações por agentes químicos tendo o alimento como veículo, podendo envolver metais, pesticidas e outros agentes quimicos (metanol e dietilenoglicol), além da ingestão de animais ou plantas venenosas como o baiacu e a mandioca-brava (muitas vezes confundidas com a mandioca-mansa), respectivamente.

Jucelino exemplifica a ocorrência do alimento como veículo nos casos de intoxicação na ingestão de cachaça contaminada por metanol (ocorrido em Santo Amaro, em 1988); na contaminação acidental de feijoada por arsênico; na adição intencional de chumbinho em café; na ingestão de laranja contaminada por agrotóxico; ingestão de cerveja contaminada por dietilenoglicol (ocorrido em Minas Gerais em 2019); etc.

O farmacêutico ressalta que é comum as pessoas confundirem a reação alérgica ou intolerância a algum tipo de alimento com intoxicação. "A alergia alimentar consiste em uma reação do sistema imunológico que ocorre logo após a ingestão de um determinado alimento (ex.: Camarão, ovo, etc), podendo variar de leve a grave. A intolerância, por sua vez, é uma resposta do organismo à ingestão de um determinado alimento (ex.: leite), em função de uma dificuldade no processo digestivo".

"Infelizmente, as intoxicações alimentares ainda são pouco notificadas, apesar da sua obrigatoriedade, o que se dá pela falta de percepção dos profissionais quanto à importância da notificação. De acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan, em 2019 ocorreram apenas 09 casos em todo o estado. O CIATOX-BA atendeu no mesmo ano 9 casos (0,1% de todo o total). Vale lembrar que aqui estão incluídos apenas os casos de toxinas naturalmente presentes nos alimentos ou produzidas por microrganismos", afirma o profissional.

A prevenção da intoxicação alimentar é feita com a adoção de higiene adequada dos alimentos, além da sua conservação em recipientes limpos e locais refrigerados. Também é importante estar atento à procedência dos alimentos e a sua data de validade. Além disso, deve-se evitar comer em lugares onde a higiene ou o preparo e conservação do alimento não sejam confiáveis.

Fonte: CIATOX-BA.