sábado, 5 de novembro de 2016

Impactos do uso do “chumbinho” são discutidos em sessão científica

Chumbinho: agrotóxico comercializado clandestinamente
como raticida. (Foto: JNCF)
Os impactos do uso do “chumbinho” na segurança e saúde pública foram abordados na 6ª edição do projeto Café com Ciência, promovido pelo Departamento de Polícia Técnica da Bahia (DPT), nesta quinta-feira (3), no Centro de Estudos da Instituição.

O projeto tem como objetivo principal promover integração entre os profissionais do DPT através da apresentação de estudos de casos de perícias e discussão interna entre peritos criminais, médicos e odontólogos legistas. Devido ao amplo interesse do tema, técnicos do Centro de Informações Antiveneno (Ciave), além de outros órgãos da Secretaria da Saúde do Estado, foram convidadosa participar.

A perita criminal da Coordenação de Toxicologia Forense do DPT, Maiana Teixeira, explicou que ao contrário do que as pessoas imaginam, o “chumbinho” não é um raticida e quando é utilizado como tal é ineficiente, uma vez que não mata a ninhada. Como ele mata de imediato o rato que o ingere, os demais observam e não comem o alimento envenenado. Diferentemente, os raticidas legalizados, à base de anticoagulantes, provoca o envenenamento lento. Dessa maneira, a morte do animal não é associada ao alimento ingerido, o que faz com que todos os ratos da colônia comam o veneno, resultando na eliminação da ninhada.

Ainda segundo Maiana Teixeira, é grande o número de amostras relacionadas a acidentes, suicídios e homicídios recebidas para perícia pelo DPT que contêm o “chumbinho”. As análises realizadas nestas amostras têm evidenciado que, além do aldicarbe (nematicida do grupo dos carbamatos, de elevada toxicidade), o terbufós (organofosforado igualmente tóxico) e o carbofurano (carbamato utilizado como inseticida) estão presentes na composição deste produto.

A perita ressaltou que em 2012 a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu  a produção e venda de qualquer agrotóxico à base de aldicarbe. A proibição foi motivada pela alta incidência de intoxicações, devido ao desvio de uso do referido agrotóxico pela população no combate a ratos.

Representando o Ciave, o coordenador técnico e farmacêutico, Jucelino Nery, relatou grande número de casos de intoxicação por “chumbinho” atendidos anualmente pelo Centro. Só em 2015 foram 240 ocorrências, das quais 24 evoluíram para óbito.

O farmacêutico ressaltou ainda a importância da interlocução entre as diversas instituições envolvidas na questão como o Ministério Público, o DPT, o Ciave, os órgão de vigilância sanitária estadual e municipal e a Secretária Municipal de Ordem Pública (Semop), de forma a se planejar e desenvolver ações para coibir o comércio destes produtos. Segundo Jucelino, o Ciave intermediou há alguns anos esta interlocução, o que resultou naquele momento em uma repressão dessa comercialização ilegal através de fiscalizações e apreensões do produto, porém, este tipo de ação requer continuidade para ser efetivo.

Fonte: Ciave

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