Além de não oferecer proteção adequada, algumas receitas podem queimar a
pele e causar problemas nos olhos
Na busca
por produtos mais naturais, de modo a não se intoxicar com o uso de repelentes
industrializados, muitos optam por fazer sua própria alquimia em casa. Mas é
necessário tomar cuidado. Segundo especialistas, o resultado pode ser bem
diferente do desejado. Alguns compostos naturais podem ser nocivos à pele. O
pior é que quem recorre aos caseiros pode ficando desprotegido, se tornando
suscetível às picadas do mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika
vírus.
Segundo o
dermatologista da Clínica Fares, Rafael Cavanellas, as misturas caseiras duram
menos de meia hora. “Não fazem proteção adequada e mais: ninguém vai ficar
reaplicando o repelente a cada 20 minutos”, explica.
A
internet divulga inúmeras receitas de repelentes caseiros. Entre as misturas
mais divulgadas estão as que levam limão com cravo, laranja com cravo,
extrato de alho ou até mesmo álcool com infusão de citronela. Nenhum deles,
porém, é efetivo.
De acordo
com Cavanellas, o limão e laranja são irritantes para a pele. Podem causar
queimaduras caso a pessoa se exponha ao sol. “Acontece o que chamamos de
fitofotodermatose, que é a queimadura que acontece quando o limão entra em
contato com o sol”, diz. “O extrato de alho também irrita e pode causar
alergia. Não recomendamos”, completa.
O álcool,
dependendo da concentração, pode causar problemas à pele. “Não é seguro”,
alerta o dermatologista.
Veja
os maiores erros na hora de passar o repelante:
1- O primeiro erro que
alguém pode cometer é tratar todos os repelentes como iguais, passando-os sem
considerar suas diferenças quanto à durabilidade e efeitos.
2- Erro: passar o
repelente mais de três vezes por dia. E esse é o máximo de aplicações que os
médicos recomendam diariamente.
3- Há basicamente três
tipos de repelentes disponíveis no Brasil: o DEET, o IR 3535 e a icaridina.
4- O DEET e o IR 3535
afugentam os mosquitos por até quatro horas. A icaridina é a mais eficiente e
consegue os insetos por até 10 horas, reduzindo a quantidade de aplicação ao
longo do dia.
5- Não priorizar as áreas
expostas na hora de aplicar o repelente, como o rosto, pernas e braços, também
é um erro. Aplicar o produto em todo o corpo aumenta as chances de intoxicação.
6- Aplicar repelente em
ambientes fechados também aumenta as chances de intoxicação. Prefira lugares
abertos, onde o ar circula mais e o odor do produto se dispersa melhor.
7- Passar repelentes em
crianças com menos de dois anos de idade. Mais sensível, a pele delas tem pouca
defesa, absorvendo mais o produto, o que pode gerar complicações sistêmicas,
neurológicas e pulmonares.
8- Dormir com o repelente
no corpo não é uma boa prática. O produto pode passar para os lençóis e acabar
contato com áreas sensíveis, como olhos e a boca. Tome um banho antes de deitar.
9- Não lavar as mãos,
especialmente das crianças, depois da aplicação do repelente. As mãos sujas com
o produto podem acabar em contato com os olhos e a boca, o que pode causar
intoxicação.
10- Aplicar o repelente
nas áreas próximas das mucosas (olho, nariz e boca).
11- Passar o repelente em
áreas feridas do corpo. Isso aumenta a chance de intoxicação.
12- Tratar os repelentes
naturais, como a citronela, como inofensivos é um equivoco. Além de não ter
eficácia comprovada, eles ainda podem causar reações.
Crianças
também devem passar longe de repelentes caseiros. “A pele da criança é mais
sensível. Além disso, não se pode passar repelente na mão da criança, pois
eles colocam na boca e no olho."
A
citronela, segundo o médico, não costuma irritar a pele. “A proteção, porém, é
de 20 minutos”. Ou seja, não é eficaz. “Hoje em dia temos muitas opções
boas de repelentes no mercado, com duração adequada”, ressalta Cavanello.
Olhos
também sofrem
De acordo
com o oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, o problema para os olhos
causados pelos repelentes caseiros é que não se sabe exatamente a mistura que a
pessoa fez. “As pessoas passam perto dos olhos e o vapor da substância e a
transpiração podem causar alguma irritação ocular”, alerta. “Tudo depende da
concentração e do quanto entrou no olho”.
Quando um
acidente assim acontece, é importante procurar um oftalmologista o quanto antes
para tratar. “Às vezes causa queimadura ocular”, diz o médico, que também
reforça que o repelente industrializado também não deve ter contato com os
olhos.
Fonte: IG
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