sábado, 9 de junho de 2018

Homem quase morre por picada de cabeça de cobra cortada do corpo

Cascavel. (Foto: Fábio Barbosa)
Circula pelas mídias de notícias e sociais a informação sobre a ocorrência, há algumas semanas, de picada de um homem pela cabeça cortada de uma cascavel que ele havia matado. Segundo relatos, o fato ocorreu no Texas (Estados Unidos). O homem estava trabalhando no jardim, quando viu a cobra cascavel de 1,25m. Em seguida, ele a matou cortando a cabeça. Ao pegar as partes do animal para se livrar delas foi mordido, sendo levado ao hospital para tratamento.

Apesar de circular muitas fakenews atualmente e parecer estranha esta notícia, tudo indica que ela é verdadeira. Tal fato pode realmente ocorrer, esclarece o farmacêutico bioquímico Jucelino Nery, do Centro de Informações Antiveneno (Ciave), órgão da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia.

Segundo o farmacêutico, “mesmo sendo decapitada, a serpente pode contorcer o corpo por mais de uma hora e a sua cabeça, mesmo separada do corpo, mantém o reflexo de mordida”. Afirma ainda que “estes movimentos ocorrem por um tempo (cerca de uma hora) após a morte do animal porque os neurônios motores do arco reflexo, os quais controlam os músculos sem necessitar de informações enviadas pelo cérebro (ou seja, sem a vontade ou consciência do animal) continuam transmitindo os estímulos elétricos, pois as células musculares ainda se encontram vivas”.

Como a peçonha é produzida e armazenada por duas glândulas localizadas na cabeça da serpente, as quais se interligam por canais até as presas do animal (dentes desenvolvidos semelhantes a agulhas hipodérmicas), a mordida pela cabeça desprendida do corpo poderá levar à inoculação de veneno, assim como ocorre com o animal vivo, esclarece o técnico do Ciave.

Segundo Manoel Joaquim B. de Paula R. de Miranda, biólogo e ex-estagiário do Ciave, já ocorreram outros casos, os quais também foram noticiados anteriormente. O biólogo relata três casos noticiados: um em 2007, em Washington (EUA), onde um homem de 53 anos foi mordido após cortar a cabeça de uma cascavel com uma pá. Em 2014, um chefe de cozinha chinês evoluiu para óbito em decorrência de mordida quando preparava um prato com a cobra que ele havia matado há 20 minutos. No mesmo ano, na Austrália, um senhor de 66 anos, ao pegar os restos do animal, foi mordido duas vezes quarenta e cinco minutos após cortar uma cobra ao meio.

Na Bahia foram notificados mais de 52.000 casos de acidentes por serpentes nos últimos três anos, com uma média anual de 17.000 casos. Em 2017, o número saltou para mais de 21.000 casos, segundo informações do Ciave.

No caso de acidente por animal peçonhento, deve-se manter a vítima calma, lavar o local da picada com água e sabão, colocá-la em repouso com a área afetada elevada (sobre um apoio) e transportá-la para uma unidade de urgência/emergência com a maior brevidade.

Fonte: Ciave.

Nenhum comentário:

Postar um comentário