domingo, 23 de novembro de 2014

Substâncias cancerígenas detectadas em acessórios de pulseiras coloridas

Acessórios das pulseiras coloridas de elástico.
Recentemente têm circulado notícias sobre o risco dos pequenos anéis de elásticos coloridos utilizados para fazer pulseirinhas  e outros produtos de artesanato, e que atualmente viraram moda entre crianças e adolescentes de todo o mundo. No Brasil, a loom band é conhecida como pulseira loom, pulseira de elástico loom, rainbow loom, entre outras designações.

A origem dos alertas está na pesquisa feita na Europa pelo Birmingham Assay Office, na Inglaterra, e divulgada pela rede de notícias BBC, em 29 de agosto desse ano, o qual analisou os acessórios das famosas pulseiras de elásticos coloridos, os quais são conhecidos como “loom band charms”, e detectou elementos nocivos aos humanos presentes nesse produto e apontaram um pingente contendo 40% de ftalatos em sua composição, enquanto a legislação da União Europeia estabelece o limite máximo de 0,1%.

Com base nessa notícia, a Associação de Consumidores - Proteste, no Brasil, enviou um ofício ao Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) e à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em 10 de setembro, pedindo que os órgãos fiscalizassem e recolhessem do mercado os acessórios e elásticos usados para fazer as pulseiras e anéis conhecidos como "loom band charms".

O Inmetro, por meio de sua Divisão de Metrologia Química, vinculada à Diretoria de Metrologia Científica, realizou em outubro a análise de amostras de “kit de pulseiras de elástico”, visando detectar a presença de metais pesados e ftalatos. Os resultados encontrados nestas amostras indicaram concentrações "abaixo do limite de detecção" e não apresentaram riscos químicos significativos.

O órgão alerta que foi considerado brinquedo, devido ao seu caráter lúdico, apenas o kit "Fábrica de Pulseiras", da Estrela, que inclui elásticos e utensílios, como tear, para a confecção das pulseiras por crianças.

O Inmetro esclarece ainda que, em relação à denúncia feita no Reino Unido de que produtos semelhantes às pulseiras (bijuterias) possuíam alto teor de ftalatos, esta não diz respeito às pulseiras em si e sim aos pingentes (“charms”) que são pendurados como acessórios ao produto. A denúncia teve como alvo os produtos piratas vendidos no mercado informal daquele país.

Os ftalatos são um grupo de compostos químicos derivados do ácido ftálico, utilizado em centenas de produtos como aditivo para deixar o plástico mais flexíveis, como embalagens de alimentos, algumas mamadeiras e brinquedos. Tal grupo de compostos é tido como cancerígeno, podendo causar danos ao fígado, rins e pulmão, além de anormalidade no sistema reprodutivo, também provocam alterações hormonais.

No Brasil, a presença de ftalatos em brinquedos é regulamentada pela Portaria nº 369/2007. O seu texto determina que os ftalatos de di-(2-etil-hexila) (DEHP), de dibutila (DBP) e de benzilbutila (BBP) "não devem ser utilizados como substâncias ou componentes de preparações em concentrações superiores a 0,1 % em massa de material plastificado, em todos os tipos de brinquedos de material vinílico". Os mesmos ftalatos e mais os de di-isononila (DINP), de di-isodecila (DIDP) e de di-noctila (DNOP) "não devem ser utilizados como substâncias ou componentes de preparações em concentrações superiores a 0,1 % em massa de material plastificado, em brinquedos de material vinílico destinados a crianças com idade inferior a 3 anos".

O limite estabelecido no país (0,1%) está alinhado à concentração máxima para esse tipo de composto praticado nos Estados Unidos e na União Europeia, conforme o Inmetro. Assim, os produtos devidamente certificados que são encontrados no mercado brasileiro com o Selo de Identificação da Conformidade do Órgão apresentam adequado grau de confiança e, portanto, podem ser utilizados sem oferecer risco à saúde de seus usuários.

De qualquer forma, vale o alerta para que os pais estejam sempre atentos para evitar que as crianças levem estes e outros objetos à boca, pois há sempre o risco à saúde, seja por contaminação ou por ação mecânica ao engolí-los.


Fontes: BBC, Proteste, O Globo e Inmetro.

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