quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O Risco do Uso do Paracetamol em Crianças

Muitos se questionam: a dose terapêutica de paracetamol em crianças representa um risco de lesão hepática? Existe muitas discussões acerca deste assunto.

Em matéria publicada no Medscape, em 20/01/2011, o Dr. William F. Balistreri - professor de Pediatria da Universidade de Cincinnati College of Medicine, diretor médico do Programa de Transplante Hepático do Centro Infantil de Cincinnati's Hospital Medical (EUA) - discute a questão.

Conhecemos bem a ocorrência da hepatotoxicidade aguda como resultado de overdose de paracetamol em crianças. Segundo o Dr. Balistreri, na maioria das vezes a overdose é decorrente de excesso na dose recomendada baseada no peso corpóreo.

Segundo Balistreri,quando a Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos (EUA), em 2009, realizou uma reunião da comissão consultiva para lidar com o problema da lesão hepática pelo uso de paracetamol, tanto em medicamentos de venda livre (OTC) quanto em produtos sobre prescrição, as estratégias eficazes foram desenvolvidos para evitar overdoses acidentais por cuidadores e ingestão por crianças sem supervisão. O Comitê Consultivo recomenda aumento das restrições sobre o uso de paracetamol para proteger as pessoas de todas as idades a partir de hepatotoxicidade potencial.

Entretanto, a preocupação é que a lesão hepática possa ocorrer com a administração terapêutica do paracetamol. O Dr. Balistreri ressalta que relatos de caso sugerem que esse fenômeno pode ocorrer, mas poucos relatos contêm dados suficientes para sustentar a relação causal provável. Além disso, o impacto da exposição crônica a esta droga, que é amplamente utilizado em crianças, não é conhecido.

Esta questão foi recentemente abordada em dois estudos distintos: o primeiro concluiu que as susceptibilidades individuais em resposta à droga e toxicidade pode ocorrer com o uso de paracetamol; o segundo, que analisou as características e resultados de crianças com insuficiência hepática aguda (IHA) para determinar o papel potencial da exposição crônica do paracetamol, constatou a relação dos perfis bioquímicos de crianças com IHA com a exposição crônica ao fármaco. Estes foram caracterizados por níveis séricos de bilirrubina menores e níveis de alanina aminotransferase maiores. Os resultados dessas crianças também foram piores do que àqueles com exposição única a paracetamol.

O pediatra ressalta que os prestadores de cuidados pediátricos devem continuar a educar os pais e pacientes sobre o uso seguro de paracetamol, inclusive informando sobre a incorporação generalizada deste fármaco em muitos produtos OTCs e de venda sob prescrição comercializados para o tratamento da dor. “Estudos em andamento vão ajudar a determinar os fatores que podem contribuir para a susceptibilidade individual ao paracetamol induzida por lesão hepática. Essas observações devem conduzir a uma utilização mais segura da droga e espero que os esforços preventivos contribuam para reduzir a exposição”, finaliza Dr. Balistreri.

Fonte: Medscape. Leia mais.

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