Técnicos do Centro de Informações
Antiveneno – Ciave participaram nesta quarta-feira (29/04) da sessão
técnico-científica mensal promovida pelo Centro, a qual contou com a presença
de representantes da Rede de Consumo Seguro e Saúde na Bahia (RCSS-BA),
Randerson Leal (Diretor-Geral do Ibametro), Gustavo Mercês (Coordenador da Rede
de Consumo Seguro e Saúde - Bahia e técnico do Ibametro) e Keila Guerra
(técnica da Vigipós – Vigilância da Pós-Comercialização/Divisa/Sesab).
Na abertura do evento,
Jucelino Nery (farmacêutico e diretor em exercício do Ciave) deu boas vindas
aos convidados e ressaltou a relevância da Rede e a convergência do objetivo de
ambas as instituições em promover a redução dos riscos de acidentes, o que
motivou aquele encontro.
Randerson Leal fez uma
breve apresentação da RCSS-BA e ressaltou a importância da inserção do Ciave
como uma fonte de informações relativas aos acidentes de consumo por diferentes
agentes, entendendo como acidentes de consumo aqueles que ocorrem quando um
produto ou serviço prestado provoca dano ao consumidor, quando utilizado ou
manuseado de acordo com as instruções de uso do fornecedor. Em outras palavras,
consiste no acidente decorrente de uma falha/defeito do produto, ou quando ele
não atende ao nível de segurança que dele se espera.
O coordenador da Rede, Gustavo Mercês, apresentou o Sistema de Informação sobre Acidentes de Consumo (SIAC) desenvolvido para os hospitais notificarem a ocorrência destes eventos, bem como o acesso através do site do Inmetro (http://www.ibametro.ba.gov.br) para que o próprio consumidor possa fazê-lo, clicando no ícone “ACIDENTE DECONSUMO – RELATE O SEU CASO”.
Gustavo pormenorizou os objetivos e composição da Rede, exemplificou os acidentes de consumo – destacando o risco de alguns brinquedos importados da China – e apresentou dados da OMS, segundo os quais o envenenamento contribuiu com 6% dos óbitos decorrentes de lesões em todo o mundo, em 2000. Já de acordo com o Observatório Nacional da Primeira Infância, no Brasil, o envenenamento foi responsável por 2,2% das mortes entre crianças de 1 a 9 anos de idade em 2012. Por fim, respondeu aos questionamentos dos técnicos do Ciave.
Após uma breve
apresentação sobre o Ciave para os convidados, Jucelino Nery abordou sobre a
importância da Toxicovigilância – conjunto de ações que buscam eliminar ou
diminuir os riscos à saúde dos indivíduos decorrentes da exposição às
substâncias químicas – e os registros das intoxicações pelo Centro. Segundo o
farmacêutico, o Ciave registra uma média anual de 7.100 casos de exposição com
risco tóxico por diferentes agentes como animais peçonhentos, agrotóxicos,
cosméticos, domissanitários, medicamentos, raticidas, etc.
Segundo dados preliminares
do Ciave, em 2014 foram registrados 6.783 casos em humanos, onde 25% foram
causados por medicamentos. Os domissanitários corresponderam a 7%, os raticidas
participaram com 6% (predominando o conhecido “chumbinho”, raticida clandestino
e de elevada toxicidade para o ser humano, inclusive). Os agrotóxicos de uso
agrícola e os cosméticos foram responsáveis por 2% dos registros, cada um deles.
Jucelino ressaltou ainda
que as grandes vítimas dos acidentes tóxicos são as crianças menores de 5 anos
de idade e o ambiente de maior frequência destes eventos é a residência (64%).
Corroborando com a preocupação da Rede em relação à alta frequência de eventos
envolvendo medicamentos com o princípio ativo ciproeptadina (utilizado para
abrir o apetite em crianças e comercializado sem necessidade de prescrição
médica) atendidos pelo Hospital do Subúrbio, Nery afirmou que só no ano passado
o Ciave registrou 65 casos deste tipo. Outro agente frequente com crianças tem
sido as pilhas / baterias, com 20 casos registrados pelo centro.
Dentre os domissanitários
(7%), destacam-se a água sanitária (principalmente a produzida de forma caseira
e com maior risco à saúde) e os produtos à base de soda cáustica. Por outro
lado, as bolinhas de naftalina (30 casos em 2014) são frequentes entre os
inseticidas de uso doméstico. Outros agentes menos comuns também foram citados
como pulseiras de “neon” (utilizadas em aniversários infantis) e bolinhas de
gel que crescem ao absorverem água e utilizadas para hidratar e manter a
umidade de plantas.
Ao final das
apresentações, foi ressaltada a contribuição do Ciave para a Rede enquanto
centro de referência estadual em Toxicologia e fonte de informações sobre a
ocorrência de acidentes de consumo no Estado. Além disso, o Centro busca
promover a prevenção destes agravos através da orientação de profissionais de
saúde e à população em geral.
A Rede de Consumo Seguro e
Saúde na Bahia (RCSS-BA)
A criação da RCSS na Bahia
foi uma iniciativa do Ibametro e consiste na articulação interinstitucional com
o objetivo de enfrentar os acidentes de consumo e contribuir para maior
segurança de produtos e serviços aos consumidores. Integram também a Rede a Secretaria
da Saúde do Estado da Bahia – Sesab (através da Diretoria de Vigilância
Sanitária e Ambiental (Divisa/Sesab), Hospital do Subúrbio, Lacen e agora o
Ciave), Anvisa, Defensoria Pública do Estado, Ministério Público, Procon-BA,
OAB-BA, dentre outros. O termo de adesão à rede inclui cooperação técnica,
articulação interinstitucional e compartilhamento de informações referentes ao
consumo seguro e à saúde.
Seu objetivo é desenvolver
ações em rede que contemplem, além do aspecto da fiscalização, a importância da
educação e da disseminação de informações relevantes para que a população possa
usufruir do consumo seguro e saudável de produtos e serviços.
Fonte: Ciave e Inmetro.
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