sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

O “Fumacê” no Combate a Dengue e a Toxicologia

Geralmente no verão, durante ou imediatamente após períodos chuvosos, aumenta a incidência de pernilongos - tanto o comum (Culex) quanto o da dengue (Aedes aegypti). Em conseqüência, é comum a população solicitar aos poderes públicos a passagem do “fumacê” em seu bairro objetivando o combate aos mosquitos, não sabendo que O “fumacê” deve ser empregado apenas durante as epidemias, uma vez que a aplicação de inseticidas não acaba com os criadouros.

O farmacêutico-bioquímico do CIAVE, Jucelino Nery da Conceição Filho, explica que o conhecido “fumacê” consiste em um inseticida à base de cipermetrina, um piretróide de toxicidade moderada, dispersado no ar em ultra-baixo volume (UBV) e que, por isto, o risco de intoxicação é muito pequeno em condições normais de exposição. Mas ressalta que a pessoa exposta pode se intoxicar em exposição direta e demasiada, como ocorre quando crianças correm atrás ou se penduram nos veículos do “fumacê”. Nestas situações, há uma exposição mais longa e alcança-se uma maior concentração do inseticida no organismo, podendo atingir níveis tóxicos, como aconteceu no caso de um garoto, atendido pelo CIAVE há alguns meses atrás, que percorreu toda a rua que morava pendurado no veículo que aplicava o produto e acabou se intoxicando.

Dr. Jucelino salienta ainda que, na exposição normal, alguns indivíduos expostos diretamente ao produto podem apresentar náuseas e aqueles sensíveis podem desenvolver alergia, cursando com dermatite, cefaléia, rinite, asma e pneumonite.
A Diretoria de Vigilância Epidemiológica (DIVEP) da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (SESAB) esclarece que a aplicação de inseticida através do FUMACÊ é restrita à epidemias de Dengue e/ou Febre Amarela, como forma complementar às ações de combate ao potencial transmissor destas doenças, o Aedes aegypti. O uso sem critério do FUMACÊ impacta o meio ambiente, causando mortes dos insetos polinizadores, tais como abelhas, vespas e borboletas, além dos predadores naturais que exercem a função de controladores das populações de vetores.

Outra conseqüência negativa é a seleção de populações de mosquitos resistentes ao produto utilizado, dificultando a interrupção da transmissão através do controle químico, quando realmente for necessário.

A DIVEP ressalta que o uso do FUMACÊ só elimina insetos alados, ou seja, os ovos e as larvas não são atingidos e renovam sempre a população dos adultos. Os insetos do gênero Culex (muriçoca) se reproduzem em ambientes ricos em matéria orgânica, tais como, esgoto, água pluvial sem esgotamento, recipientes expostos em lixos, fossas abertas, etc. Portanto, para combater as muriçocas são necessárias medidas de saneamento básico.

É importante esclarecer à população a importância da sua contribuição, como por exemplo, manter caixas d’águas e recipiente contendo água fechados, evitar acúmulo de pneus e outros objetos que possam servir de criadouros de larvas, abrir as portas na hora da passagem do carro fumacê, inclusive portas dos quartos e movimentar objetos que possam servir de esconderijo do mosquito, para facilitar a exposição deles ao inseticida. Outra recomendação é com relação aos alimentos, que devem ser protegidos para evitar que sejam atingidos por partículas do inseticida. Além disso, os pais não devem deixem as crianças correrem atrás do veículo, como geralmente acontece, para evitar acidentes e intoxicações.

Fonte: CIAVE e DIVEP/SESAB. Leia mais.

3 comentários:

  1. O fumacê é prejudicial a um idoso com mal de parkinson, com imunidade baixa e com problemas alérgicos?

    ResponderExcluir
  2. O fumacê é prejudicial para um idoso com mal de parkinson, com imunidade baixa e com problemas alérgicos.

    ResponderExcluir
  3. Prezada(o), o fumacê à base de cipermetrina consiste em um inseticida piretróide de toxicidade moderada, dispersado no ar em ultra-baixo volume (UBV) apresenta um risco de intoxicação relativamente pequeno para exposição em condições normais. Vale ressaltar que é importante deixar as janelas abertas após a sua aplicação para ventilação do ambiente.

    O seu uso excessivo, além de aumentar o risco às pessoas expostas, pode gerar resistência dos insetos. É muito importante verificar quanto à existência de focos, formados por água parada, destes animais nas proximidades e eliminá-los.

    ResponderExcluir