Depois
de seis meses de debate, técnicos da Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária) voltaram atrás e decidiram recomendar a manutenção
da sibutramina, medicamento usado para emagrecimento, no mercado
brasileiro. Em relatório apresentado para membros da Câmara Técnica de
Medicamentos (Cateme) da agência, a equipe manteve a decisão de indicar a
proibição apenas das drogas dietilpropiona, femproporex e mazindol.
O
documento propõe que a sibutramina continue no mercado, desde que sejam
respeitadas algumas condições: a droga não pode ser prescrita por um
período superior a 60 dias, o paciente tem de ter índice de massa
corpórea (IMC) acima de 30 e ele também terá de assinar um documento em
que confirma estar ciente de todos os riscos.
A nova versão do relatório será apresentada para diretores da agência, a quem caberá decidir o destino dos emagrecedores no País. Pela praxe, a diretoria colegiada - formada pelos quatro diretores da Anvisa - segue a recomendação do relatório técnico.
Integrantes da Cateme afirmaram terem sido surpreendidos e se mostraram indignados com as novas indicações. A Cateme foi a responsável pelo primeiro relatório apresentado pela Anvisa, em fevereiro, recomendando a proibição do uso de todas essas drogas. Agora, em votação unânime, a Cateme foi contrária ao parecer do grupo técnico.
A equipe da Anvisa foi questionada sobre as razões da mudança de postura em relação aos emagrecedores. No início do ano, o mesmo grupo defendeu a retirada desses remédios - e a sibutramina era a vilã. O argumento era de que os riscos superavam os benefícios. Essa convicção foi mantida mesmo depois das duas audiências públicas realizadas pela Anvisa para ouvir especialistas e a sociedade.
No último encontro, em entrevista à reportagem, a chefe do Núcleo de Notificação da Anvisa, Maria Eugênia Cury, afirmara: 'Nenhum argumento ouvido nos encontros trazia um fato novo que mereceria a mudança do parecer'. Ontem, Maria Eugênia foi questionada sobre qual seria o fato novo. A resposta foi: 'Uma decisão da equipe técnica'.
O presidente da Associação Brasileira de Nutrologia, Durval Ribas Filho, considerou a vitória parcial. 'É preciso esperar a decisão da diretoria colegiada da Anvisa. Mas o ideal seria que todos os remédios continuassem no mercado.' Ricardo Meirelles, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia concorda. 'Não é o melhor dos mundos, mas seria insensato proibirem a sibutramina', afirmou.
Fonte: Agência Estado (Apud CRF-BA).
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