quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Os Antidepressivos e o Risco de Ideação e Comportamento Suicida em Adolescentes

Segundo a Dra. Maria Cristina Bechelany Dutra, psiquiatra, mestre em psicologia social e preceptora da residência de psiquiatria do Hospital de Ensino Instituto Raul Soares/FHEMIG, Belo Horizonte, o suicídio foi recentemente considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma das prioridades globais de saúde pública. O número de vidas perdidas por suicídio anualmente chega perto dos 900.000 (bem documentados), mas, se considerarmos toda a gama de comportamentos suicidas, este número pode atingir de 9 a 35 milhões de casos anuais de tentativas de suicídio. Embora o comportamento suicida possa ser considerado muito heterogêneo em diversos aspectos, alguns fatores comuns podem ser assinalados como predisponentes e precipitantes. Dentre eles, podemos destacar a constituição genética, fatores demográficos (como sexo, idade e situação conjugal), fatores nosológicos (principalmente a presença de doenças crônicas causadoras de muito sofrimento ou a presença de transtornos mentais, como a esquizofrenia, a depressão e o alcoolismo e/ou o abuso de drogas), fatores psicológicos (perdas afetivas ou materiais) e fatores sociais e ambientais (como o isolamento social ou condições de vida adversas).

Segundo a psiquiatra, diante desta realidade, o fato de se detectar a presença de um transtorno mental como fator precipitante de um comportamento suicida denota a possibilidade de intervenção e prevenção. Os quadros depressivos, sejam eles unipolares ou bipolares, relacionam-se fortemente ao comportamento suicida e são passíveis de intervenção. Neste sentido, o papel dos antidepressivos no tratamento destes transtornos é de extrema importância. Entretanto, os antidepressivos poderiam estar associados a um aumento do risco de ideação e comportamentos suicidas em adolescentes. Um dos aspectos que poderiam se relacionar a este fato diz respeito ao uso de antidepressivo em monoterapia em quadros depressivos agitados. Estes quadros diferenciam-se dos quadros depressivos típicos por apresentarem aumento da psicomotricidade, pensamentos acelerados, pressão para falar e são comumente acompanhados por importante ideação suicida. O uso de antidepressivos em monoterapia pode agravar este quadro e, consequentemente, agravar o risco de suicídio. Trata-se de quadro não raro e o clínico deve atentar-se para esta possibilidade.

Fonte: Medical Services. Leia mais.

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